As rodovias brasileiras não são as melhores e as mais modernas no mundo, mas aos poucos algumas tecnologias estão sendo disponibilizadas aos motoristas, principalmente em trechos administrados pela iniciativa privada.
A inteligência artificial (IA) é uma das apostas para tornar as viagens mais seguras e confortáveis. Essa tecnoloiga permite identificar padrões e envia um alerta para a central quando surge alguma situção de risco na estrada.
“Estamos utilizando há algum tempo o DAI (Detecção Automática de Incidentes). É uma solução que, através da inteligência artificial aplicada em câmeras, identifica possíveis anomalias no tráfego, como veículos trafegando na contramão e pedestres caminhando em trechos indevidos”, destaca William Silva, coordenador de Desenvolvimento de Sistemas da EcoRodovias.
De acordo com Luiz Eduardo Ritzmann, superintendente de tecnologia da concessionária Arteris, a IA faz o monitoramento das câmeras que estão espalhadas ao longo das rodovias, fazendo com que as pessoas tenham o trabalho de dar mais atenção apenas aos incidentes mais graves que ocorrem no dia a dia, como no caso de animais caminhando nas pistas.
Normando Nakata, superintendente de desenvolvimento e inovação do Grupo CCR, afirma que a empresa utiliza os mecanismos de inteligência dos softwares para fazer uma maior integração entre os dados gerados pelos sensores rodoviários e os veículos que passam diariamente pelas estradas.
As tags que permitem que o motorista passe pela praça de pedágio sem precisar pegar fila já são bem comuns. Há, no entanto, outras formas de pagamento e de atendimento que também ajudam no fluxo das estradas.
“Algumas cabines possuem sensores que identificam a presença do veículo e, com a ajuda de um monitor, os motoristas têm acesso ao preço da tarifa. Eles podem pagar tanto inserindo os cartões de crédito ou débito na maquininha”, explica o coordenador de desenvolvimento da EcoRodovias.
A concessionária conta também com pagamentos por meio da tecnologia NFC, na qual o usuário pode utilizar a aproximação de cartões, smartphones e até mesmo de smartwatches para pagar a tarifa.
Uma demanda antiga dos motoristas é o pagamento de tarifas por quilômetro percorrido na rodovia. A Arteris e a CCR utilizam o sistema conhecido como free flow, que elimina as praças de atendimento e faz a cobrança com dispositivos instalados ao longo da via que fazem a leitura de códigos colocados nos veículos.
O free flow está presente em rodovias da Europa e da América do Norte. Na América Latina, o único país que já adotou esse método de cobrança é o Chile. No Brasil, a PLC 8/2013, que prevê a automatização das cobranças nas rodovias brasileiras, foi aprovada em março deste ano no Senado, e agora depende de aprovação na Câmara dos Deputados para entrar em vigor.
Outra possibilidade é o uso de câmeras nas rodovias para fazer a leitura da placa dos automóveis e fazer a cobrança com base na quilometragem percorrida. Em todos os casos, a tarifa é enviada ao endereço do proprietário do veículo ou direcionada para a conta bancária do motorista cadastrada em um sistema.
Os carros elétricos ainda são uma raridade nas ruas e estradas do país, mas essa são uma aposta das montadoras para um meio de transporte mais ecológico. Conforme aumenta o número de motoristas guiando esse tipo de veículo, surge a necessidade de oferecer infraestrutura para recarregar baterias pelas estradas.
“Estamos nos planejando tanto para a questão do abastecimento dos veículos nos eletropostos, que estamos planejando trabalhar com algumas parcerias, como com o atendimento desses veículos no caso de panes elétricas, por exemplo”, afirma Normando Nakata. De acordo com o especialista, os mecanismos de atendimento feitos em veículos a combustão terão de ser adaptados para atender os usuários de carros elétricos.
Segundo Luiz Eduardo, superintendente de tecnologia da Arteris, a concessionária vem estudando tanto o cenário internacional como o nacional de veículos elétricos para fazer as implantações necessárias nas suas rodovias.
“Essa é uma demanda crescente e que deve aumentar ainda mais a curto e médio prazo, principalmente no link que há com a necessidade de investir cada vez mais em sustentabilidade, na redução de CO2”, destaca William Silva, da EcoRodovias. Ele completa ressaltando que a empresa já trabalha com alguns parceiros e possui eletropostos instalados em trechos rodoviários no Paraná e em São Paulo.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques
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