Duas jovens foram presas após se beijarem durante um culto evangélico realizado, na rua, pelo deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), em São Sebastião, no litoral paulista. A ordem de prisão foi feita pelo próprio religioso e exibida em dois telões. Ele disse: "As duas precisam sair daqui algemadas". O público presente aplaudiu a atitude do parlamentar.
As duas – Joana Palhares, de 18 anos, e Yunka Mihura, de 20 – informaram que o beijo foi uma forma de protesto contra a homofobia e que foram agredidas no local pela Guarda Civil Municipal. Joana passou por exame de corpo delito. As jovens foram detidas, algemadas por agentes e levadas ao 1º Distrito Policial de São Sebastião.
O advogado das garotas irá formalizar uma denúncia contra Feliciano, que escreveu em seu Twitter: "Indivíduos invadem o culto, desrespeitam crianças, idosos, agridem as autoridades, chutam os policiais, e por fim dizem ser vítimas? Ou são loucos e necessitam de tratamento mental urgente, ou são baderneiros que querem 5 minutos de fama ou querem briga".
Em seu perfil no Facebook, Yunka Mihura, uma das garotas presas, desabafou: "Ainda não estou acreditando… Pela primeira vez fui realmente vítima de HOMOFOBIA!!! Joana Palhares e eu nos beijamos… E o Feliciano disse lá do palco que deveríamos sair de lá algemadas… Instigando a VIOLÊNCIA em todos os evangélicos que até então não demonstravam sinal nenhum disso…. Fomos jogadas pra fora da grade, arrastadas com brutalidade pra baixo do palco, apanhamos da guarda civil,fomos algemadas , levadas pra delegacia….. Tudo isso por que?? Quem precisa de cura??? Como pode esse pastor, MONSTRO, ser presidente da comissão dos direitos humanos ??? COMO?? Estou realmente sem palavras pra definir a indignação que estou sentindo."
A prefeitura de São Sebastião disse, por meio de uma nota, que a Guarda Civil agiu em cumprimento do "artigo 208 do Código Penal Brasileiro – que prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa ao cidadão que zombar de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa e impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso". A assessoria da administração municipal informou ainda que a ouvidoria da corporação irá apurar as denúncias de excessos por parte dos guardas que participaram da ação.
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