04/01/2018

O que é a 'máfia PayPal', grupo de onde saíram alguns dos homens mais ricos do Vale do Silício

A chamada 'máfia PayPal' não tem um número certo de integrantes
A chamada 'máfia PayPal' não tem um número certo de integrantes BBC BRASIL

Alguns dos maiores grupos de tecnologia que multiplicam ano a ano seus dividendos, como Tesla, LinkedIn, Yelp e YouTube, têm algo em comum em suas histórias. Todos eles têm entre seus principais personagens pessoas que saíram do mesmo lugar: da empresa de pagamentos pela internet PayPal.

Alguns dos fundadores ou primeiros investidores dessas gigantes de tecnologia passaram antes pelo PayPal, e tiveram um papel importante no início de seu desenvolvimento.

Há anos que eles já não fazem mais parte dessa companhia, mas alguns acabaram mantendo contato e criaram até um nome para se referir ao grupo: a "máfia PayPal".

Não há um número conhecido de pessoas que fazem parte dela, mas um de seus fundadores, Peter Thiel, prefere dizer que são os 220 trabalhadores que a empresa tinha antes de ter sido comprada pelo eBay, em 2002 — já que muitos deles saíram nessa época e engataram a criação de seus próprios negócios no meio digital.

Foi esse processo de venda que marcou o início da diáspora da equipe do PayPal, que havia sido fundado em 1998. A maioria não tem boas memórias dessa época, como conta David Sacks, o antigo chefe de operações da PayPal e fundador da rede de contatos profissionais Yammer.

"Basicamente, fomos expulsos da nossa terra e eles (eBay) queimaram o nosso templo. Então, nos espalhamos por todo o mundo e tivemos que criar novas casas", descreveu ele ao site TechRepublic.

Empresa permitia a usuários comprarem tudo pela internet
Empresa permitia a usuários comprarem tudo pela internet BBC BRASIL

No fim, isso acabou sendo bastante produtivo para o setor de tecnologia: o PayPal é hoje uma empresa que fatura mais de US$ 10 bilhões ao ano e que revolucionou a indústria bancária; já a máfia PayPal formou empresas de muito sucesso e líderes em inovação, que também estão transformando seus mercados.

Entre eles, há vários milionários — seis dos quais conquistaram uma fortuna que supera o US$ 1 bilhão. Abaixo, contamos a história de alguns dos que mais se destacaram:

1. Peter Thiel

Foi um dos fundadores do PayPal e o primeiro diretor-geral da empresa. Nasceu na Alemanha, mas foi criado entre a África e os Estados Unidos.

Ele fundou em 1998 uma empresa chamada Confinity (que mais tarde se chamaria PayPal) com o objetivo de desenvolver um software para que pessoas e empresas pudessem ter uma espécie de "carteira virtual", que permitisse a elas realizar transações financeiras pela internet.

Era a época do "boom" da internet, e os serviços online estavam começando a ganhar adeptos.

Depois que o eBay comprou o PayPal, Thiel saiu da empresa e passou a se dedicar a outros negócios, que incluem fundos de alto risco, a empresa de análise de dados Palantir e o fundo de capital de risco Founders Fund.

Esses dois últimos, aliás, foram criados com outros membros da máfia PayPal.

Mas Thiel é mais conhecido por ser o primeiro investidor externo do Facebook (ele investiu US$ 500 mil em 2004 e, atualmente, as vendas de ações já lhe renderam mais de US$ 1 bilhão).

Recentemente, ele chamou a atenção por ter apoiado a campanha presidencial de Donald Trump.

Thiel chamou a atenção por ter apoiado Trump
Thiel chamou a atenção por ter apoiado Trump BBC BRASIL

 2. Max Levchin

O cofundador do PayPal nasceu na Ucrânia e chegou aos Estados Unidos no início dos anos 1990 como refugiado político.

Depois de deixar a empresa, ele embarcou em outra aventura no empreendedorismo: criou a Slide, um serviço que permitia organizar e compartilhar fotos em redes sociais e que depois desenvolveu alguns plug-ins de sucesso no Facebook, como o "Super Poke", o "My Questions" e o "Top Friends".

Levchin acabou vendendo o negócio para o Google, mas um ano depois a empresa decidiu fechar o serviço, e Levchin se dissociou da gigante tecnológica.

Depois disso, ele seguiu os rumos de seu ex-companheiro de PayPal, Thiel, e resolveu investir em uma outra plataforma, que hoje já é bastante conhecida: a Yelp, onde usuários podem recomendar empresas locais.

Onde ele conheceu os fundadores do Yelp? Justamente no PayPal — dois deles haviam trabalhado lá, Jeremy Stoppelman e Russel Simmons.

Levchin também foi membro do conselho administrativo do Yahoo e do Evernote e produtor executivo do filme Obrigado por Fumar (2005).

Levchin foi um dos primeiros investidores do Yelp
Levchin foi um dos primeiros investidores do Yelp BBC BRASIL

3. Elon Musk

Hoje conhecido como diretor-geral da Tesla e fundador da SpaceX, no passado Elon Musk foi acionista e diretor-geral do PayPal.

A empresa dele, X.com, se fundiu com o PayPal em 1999, e o empresário sul-africano ficou à frente dele durante um curto período de tempo — acabou destituído em outubro de 2000.

No entanto, ele se manteve como principal acionista da empresa até a venda dela ao eBay — e ganhou cerca de US$ 165 milhões no negócio.

Além da empresa aeroespacial SpaceX, Musk tem outros empreendimentos inovadores, como a Neuralink, de neurotecnologia.

Musk foi CEO do PayPal por um tempo curto
Musk foi CEO do PayPal por um tempo curto BBC BRASIL

4. Steve Chen, Chad Hurley e Jawed Karim

Chen, Hurley e Karim se conheceram quando trabalhavam no PayPal.

Nenhum deles havia completado 30 anos em 2005, quando se uniram para fundar um conceito que não existia até então: uma plataforma para compartilhar vídeos online — o nome dela seria "YouTube".

Um ano depois, em 2006, o Google comprou a empresa em uma transação que rendeu a eles milhões de dólares — o YouTube foi vendido por US$ 1,65 bilhão.

Desde então, Chen, Hurley e Karim participaram da criação de outras companhias no ramo da tecnologia. Entre elas, o Airbnb, do qual Karim foi um dos primeiros investidores.

Chen e Hurley são os dois fundadores mais conhecidos do YouTube
Chen e Hurley são os dois fundadores mais conhecidos do YouTube BBC BRASIL

5. Reid Hoffman

Hoffman havia feito parte da diretoria do PayPal desde o início e era vice-presidente executivo quando o eBay comprou a empresa em 2002.

No mesmo ano, ao lado de antigos companheiros de PayPal e de sua antiga empresa, a Social Net, ele fundou uma rede social dedicada a contatos profissionais, que vem a ser o LinkedIn.

Este, por sua vez, acabou vendido para a Microsoft por US$ 26,2 bilhões em 2016. e hoje tem mais de 100 milhões de usuários por mês.

Hoffman passou a fazer parte do conselho administrativo da Microsoft em 2017, mas também contribui para o desenvolvimento de outras empresas como investidor — Facebook, Airbnb e Change.org são alguns dos destinos do seu dinheiro.

 

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