04/02/2021

Bill Gates apoia projeto de Harvard para frear aquecimento global

Bill Gates está ajudando a financiar projeto da Universidade de Harvard
Bill Gates está ajudando a financiar projeto da Universidade de Harvard Reuters / Rick Wilking / 6.5.2018

O bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, está apoiando financeiramente o desenvolvimento de um projeto da Universidade de Harvard que pretende pulverizar pó de carbonato de cálcio não tóxico (CaCo3) na atmosfera da Terra através de um balão. O objetivo é refletir a luz solar para fora do planeta e diminuir, assim, os efeitos do aquecimento global.

A iniciativa, denominada Experimento Perturbação Estratosférica Controlada (SCoPEX, na sigla em inglês), está paralizada há alguns anos, mas dará um pequeno passo em sua pesquisa inicial em junho deste ano.

A Corporação Espacial Sueca (SSC, na sigla em inglês) concordou em ajudar a lançar um balão, que chegará a uma altura de 20 km. Inicialmente, será um teste que servirá para examinar os sistemas operacionais e de comunicação. Se bem-sucedido, o experimento poderá ser um passo em direção a um segundo estágio que seria a liberação de uma pequena quantidade de CaCO3 na atmosfera.

Apesar de bastante empolgante, o projeto não é consenso entre a comunidade científica – motivo pela qual está paralisada já há alguns anos, segundo reportagem publicada na revista norte-americana Forbes.

Os oponentes acreditam que o experimento poderia trazer riscos imprevisíveis, incluindo mudanças extremas nos padrões climáticos que já estamos testemunhando. Além disso, os ambientalistas temem que uma mudança drástica na estratégia de mitigação seja tratada como um sinal verde para continuar emitindo gases de efeito estufa com pouca ou nenhuma mudança nos padrões atuais de consumo e produção.

O professor de física aplicada e políticas públicas da Universidade de Harvard, David Keith, reconhece as "muitas preocupações reais" da geoengenharia. Em 2017, Keith e outros cientistas do SCoPEx publicaram um artigo sugerindo que a poeira pode realmente abastecer a camada de ozônio ao reagir com moléculas destruidoras de ozônio, uma vez que a quantidade exata de CaCO3 necesária para resfriar o planeta é desconhecida.

Os cientistas do SCoPEx também não sabem  confirmar se este é o melhor aerossol estratosférico para esse objetivo - e ainda que fosse, não alteraria imediatamente a química estratosférica. "A única coisa que faria é espalhar o máximo de luz solar e, portanto, resfriar o planeta", escreveu o principal investigador do projeto, Frank Keutch.

Os defensores da geoengenharia citaram ainda os efeitos de resfriamento global das erupções vulcânicas, que apesar de ser capaz de reduzir as temperaturas globais em 1,5º C, poderiam trazer sérios riscos. As temperaturas congelantes em 1815, por exemplo, quando o Monte Tambora, na Idonésia, entrou em erupção, levaram colheitas fracassadas em condições de quase fome.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques

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