26/02/2021

França investiga vazamento de dados médicos de 500 mil pessoas

França descobriu que dados médicos de 500 mil pessoas foram vazados na internet
França descobriu que dados médicos de 500 mil pessoas foram vazados na internet Freepik

A seção de combate aos crimes cibernéticos do Ministério Público de Paris anunciou, nesta quinta-feira (25), que abriu uma investigação judicial após um grande vazamento de dados médicos de cerca de 500 mil pessoas na França.

A investigação foi aberta depois que se descobriu que um arquivo com dados médicos de cerca de meio milhão de franceses estava circulando na internet há vários dias.

O arquivo contém 491.840 nomes associados a dados de contato (endereço, telefone, e-mail) e CPF.

Às vezes estão acompanhados de informação sobre o grupo sanguíneo, o médico que o atendeu e o CPF, ou comentários sobre o estado de saúde (incluindo uma possível gravidez), tratamentos farmacológicos ou doenças (incluindo o HIV).

A investigação, realizada pelo Escritório Central de Combate ao Crime Relacionado com as Tecnologias da Informação e da Comunicação (OCLCTIC), foi aberta por "acesso e manutenção fraudulenta em um sistema de tratamento automatizado de dados" e "extração, posse e transmissão fraudulenta" dos mesmos, informou o MP, que abriu a investigação na quarta-feira.

Segundo o serviço de verificação de dados Checknews do jornal Libération, que investigou o tema, os dados viriam de cerca de trinta laboratórios de biologia médica, situados principalmente no noroeste da França.

Segundo o jornal, correspondem a amostras tomadas entre 2015 e outubro de 2020, período que coincide para os laboratórios em questão com o uso de um programa de computador de uso médico-administrativo do grupo Dedalus.

"Não temos nenhuma certeza de que apenas programa do Dedalus France está envolvido neste caso", disse à AFP na quarta-feira seu vice-diretor-geral, Didier Neyrat.

"Criamos uma unidade de crise porque levamos isso muito a sério e vamos trabalhar em colaboração com nossos clientes para averiguar o que aconteceu", acrescentou.

"O arquivo está em sete lugares diferentes da internet", explicou à AFP Damien Bancal, jornalista especializado em cibersegurança, que identificou pela primeira vez a invasão em 14 de fevereiro em seu blog Zataz.

Segundo ele, o arquivo foi objeto de uma negociação comercial entre vários hackers em um grupo do Telegram especializado na troca de bases de dados roubadas e um deles o postou na rede após uma discussão.

"500.000 dados já é muita coisa e nada nos impede de pensar que os hackers ainda tenham muito mais", disse à AFP.

Recentemente, a França foi alvo de vários ataques de hackers. Em 8 e 15 de fevereiro, dois hospitais do país ficaram paralisados após duas invasões cibernéticas.

"Houve 27 ciberataques a hospitais em 2020 e desde o início de 2021, é um ataque por semana", destacou na semana passada o secretário de Estado de Assuntos Digitais, Cédric O.

Este aumento levou o governo francês a aumentar seu orçamento para reforçar a segurança dessas instituições.

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