A onda de frio que vem mudando a vida dos brasileiros nos últimos dias está longe de ser um fenômeno casual, que apesar dos transtornos é tratado como algo pitoresco pela maioria das pessoas. A neve que atingiu mais de 30 cidades no sul do Brasil e o registro de temperaturas abaixo de zero em regiões que jamais experimentaram inverno rigoroso são resultado da potencialização de extremos climáticos, como efeito das mudanças provocadas pelo desequilíbrio ambiental.
“Para simplificar o entendimento, as mudanças climáticas irão potencializar os extremos. Onde há seca, ficará mais seco. Onde chove, ocorrerão mais chuvas ou chuvas mais concentradas”, explica Márcio Astrini, diretor-executivo do OC - Observatório do Clima, que reúne cientistas especializados no tema e organizações de proteção ao Meio Ambiente.
“Essas super massas polares têm uma assinatura do aquecimento global. A explicação é complexa e está relacionada com a alteração no movimento de formação de ciclones e trocas de ar na Antártida”, elabora Cláudio Ângelo, do OC. Áreas de forte degradação de florestas, como a América do Sul, vêm emitindo mais calor e alterando as condições de troca de correntes de ar nas regiões polares.
O desconhecimento público das causas dos “eventos extremos” estaria levando a uma abordagem superficial dos episódios que afetam simultaneamente várias regiões do planeta, ignorando os indícios graves de desequilíbrio que eles indicam. Somente nas últimas semanas, experimentaram eventos climáticos extremos regiões da Europa, como Alemanha e Bélgica, com inundações inclusive em centros urbanos, a China, com chuvas extremamente intensas em curto intervalo de tempo, o Canadá, que registrou mais de uma centena de mortos por excesso de calor, e o Brasil, com onda de frio sem precedentes na história.
“Tudo tem impacto social direto”, descata Astrini. “A falta de regularidade de clima afeta a distribuição de chuvas, que diretamente afeta a agricultura, carro chefe da nossa economia, e põe em risco a integridade de reservatórios de água, tanto para consumo quanto para geração de energia”.
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