Construir uma casa na Lua de aproximadamente 410 metros quadrados poderia custar U$ 60 milhões, cerca de R$ 347,5 milhões, segundo um estudo conduzido pelo site financeiro britânico Money.co.uk.
Para chegar a este valor, os autores do estudo levaram em conta três principais fatores: o preço do peso de decolagem da SpaceX — com isso, eles conseguiram estimar quanto custaria para trazer materiais, ferramentas e trabalhadoras ao satélite natural da Terra —, os custos da nova tecnologia que a arquitetura na Lua exigiria para o suporte à vida, e o preço por área no astro, que dependendo da localização, é surpreendentemente barato.
De acordo com o Registro Lunar, uma ala da Sociedade Luna que pretende vender lotes na Lua, um acre — o equivalente a 4046,9 metros quadrados — poderia custar entre U$ 20 (R$ 115,40) e U$ 130 (R$ 751,2).
Além dos U$ 60 milhões necessários para construir a casa, o Monkey.co.uk calculou os ainda custos adicionais para viver no satélite natural da Terra, como energia, comida e água. Segundo o site, uma instalação de energia solar de 34 painéis custaria cerca de U$ 23 mil (R$ 132.917), enquanto um reator nuclear mais luxuoso adicionaria mais de U$ 1 bilhão (R$ 5,78 bilhões) ao custo.
Ricard Dinan, CEO da Pulsar Fusion, que constrói componentes do reator, estima, no entanto, que um único reator nuclear, alimentado pelos abundantes estoques de hélio-3 da lua, acabaria levando a energia lunar de baixo custo.
Os autores defendem que como as casas seriam equipadas para cultivar alimentos e reciclar águano local para economizar nos custos de transporte, uma vez construída a infraestrutura lunar, os custos cairiam ainda mais. Eles acreditam ainda que, eventualmente, a mineração lunar e a reciclagem de lixo espacial também aumentariam os recursos facilmente disponíveis.
De acordo com o portal Futurism, o valor proposto pelo Monkey.co.uk é contestável — assim como a viabilidade do projeto. Isso porque, em primeiro lugar, não se pode, efetivamente, comprar um terreno na Lua sem quebrar o Tratado do Espaço Sideral, assinado em 1967.
"O espaço sideral, incluindo a Lua e outros corpos celestes, não está sujeito à apropriação nacional por reivindicação de soberania, por meio de uso ou ocupação, ou por qualquer outro meio", afirma um dos artigos do Tratado do Espaço Sideral.
Sobre os valores, o Futurism diz que um uma instalação de energia solar de 34 painéis de U$ 23 mil (R$ 132.917) parece baixo demais, uma vez que "painéis solares lunares diferem muito dos encontrados aqui na Terra, pois têm que resistir a imensas quantidades de radiação e às chuvas ocasionais de meteoritos."
O portal ressalta ainda a importância de saber usar a energia solar com sabedoria — um dia lunar dura cerca de 28 dias e ficar mergulhado na escuridão da Lua implicaria se submeter a temperaturas de menos de -173º C.
Outra questão, talvez a mais importante de todas, é a dificuldade de acessar quantidades consideráveis de água. Seria preciso extraí-la de depósitos de gelo ou trazer da Terra, e em ambos os casos, o custo é bem alto.
Por fim, o Futurism questiona quanto custaria, de fato, enviar uma casa da Terra para a Lua, considerando que a média de uma casa térrea baseada na Terra pesa cerca de 90,7 quilos por cada 0,09 metro quadrado. Um local apertado, mas aconchegante, de 37,2 metros quadrados, pesaria mais de 36 mil quilos, ou 36 toneladas, além de outros equipamentos necessários na construção.
O programa de compartilhamento de veículos da SpaceX, que permite que entidades privadas enviem cargas úteis para a órbita a bordo de um foguete Falcon 9, custa até US $ 1 milhão, ou cerca de R$ 5,767 milhões por 200 quilos de carga. Isso significa que apenas para decolar todos aqueles materiais de construção para a órbita da Terra custaria até U$ 181 milhões (R$ 1.047.772.800).
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques
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