O planeta Marte estará mais brilhante no céu na noite desta terça-feira do que esteve nos últimos 15 anos.
Isso é porque o planeta vermelho está no ponto mais próximo da Terra desde 2003 e também em seu ponto mais próximo do Sol.
O professor Ramachrisna Teixeira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, explica que são dois fenômenos acontecendo ao mesmo tempo: a chamada "oposição de Marte" e seu periélio, em um "combo" conhecido como oposição periélica.
A oposição de Marte é quando a Terra atinge um ponto da órbita em que fica alinhada entre o Sol e o planeta vermelho – é quando os dois planetas estão mais próximos um do outro.
Nesta terça, Marte estará a 57,6 milhões de quilômetros da Terra, segundo a Nasa (agência espacial americana).
Já o periélio é o momento em que o planeta está mais próximo do Sol.
"As órbitas dos planetas em torno do Sol não são circulares, mas elípticas. O Sol fica em um dos focos dessa elipse", explica Teixeira. Isso significa que as distâncias entre os planetas e o astro variam conforme a trajetória. O periélio é justamente o ponto em que a órbita aproxima do planeta da estrela de nosso sistema.
"O que aconteceu nesse fim de julho é que a oposição de Marte concincidiu com sua passagem periélica, ou seja, esses efeitos se somaram", explica Teixeira.
A oposição do planeta vermelho acontece a cada 26 meses, aproximadamente. São os momentos em que a Nasa costuma mandar missões a Marte. O robô Curiosity, por exemplo, foi enviado em 2011.
Já a passagem de Marte por seu periélio acontece a cada 687 dias.
Mas a junção dos dois fenômenos só ocorre a cada 15, 16 ou 17 anos – é o que podemos observar nessa terça-feira.
Como encontrar Marte no céu
Visto da Terra, Marte é um astro bem brilhante e avermelhado e sua luz não costuma oscilar – o brilho das estrelas, por causa da distância maior, é mais sensível à turbulência da atmosfera e por isso os astros parecem piscar.
Quando a Terra está alinhada entre o Sol e Marte, o planeta aparece no céu noturno do lado oposto ao do poente, explica Teixeira. "Olhando para o horizonte leste a partir das 19h, o astro que for mais brilhante e avermelhado será Marte", diz ele. "Um pouco acima, mais fraco e meio amarelado, estará Saturno."
É fácil diferenciar: além de ser bem mais esbranquiçado e brilhante, nesse horário Júpiter estará bem acima de Marte no céu. Já Vênus estará do outro lado, próximo ao horizonte oeste.
A Lua deve aparecer no céu noturno bem depois de Marte, por volta das 21h05.
Ao longo da noite, Marte aparecerá subindo no céu e atingirá o ponto mais alto, a chamada passagem meridiana, por volta das 23h56 (em Brasília). Esse horário varia em alguns minutos dependendo da posição do observador. Em São Paulo, por exemplo, a passagem de Marte pelo meridiano deve ser às 23h51.
Nesse horário, a Lua estará mais para baixo e para leste, distante do planeta vermelho.
"Sugiro que as pessoas repitam a observação ao longo dos dias e das semanas e aos poucos irão notar a dança dos planetas, uns em relação aos outros", diz Teixeira.
Tempestada de areia
A oposição periélica é também o momento em que o diâmetro de Marte fica ligeiramente maior quando visto da Terra, mas isso não é perceptível a olho nu.
Outra coisa que não conseguimos ver é um fato que a Nasa divulgou recentemente: o clima em Marte não está nada calmo.
Uma gigantesca tempestade de areia se tornou tão grande que está dando a volta ao planeta.
O robô Opportunity, que está na superfície marciana neste momento, foi colocado em modo offline pela Nasa até o fim da tempestade, que só deve acabar em setembro.
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