06/05/2021

Picos de poluição do ar podem afetar a memória de homens idosos

Vista de uma nuvem de poluição no Estado da Califórnia, nos EUA
Vista de uma nuvem de poluição no Estado da Califórnia, nos EUA EFE/EPA/ETIENNE LAURENT

Pesquisadores dos Estados Unidos e da China verificaram que aumentos na poluição do ar em um curto espaço de tempo podem prejudicar a memória e a saúde cerebral de maneira geral de homens idosos. O estudo foi publicado na última segunda-feira (3), na revista Nature..

A pesquisa tem como base evidências cada vez maiores de que materiais finos particulados (PM2.5s), geralmente liberados por indústrias e transportes rodoviários são prejudiciais também ao cérebro, e não só ao coração e aos pulmões.

Para fazer a constatação, os cientistas analisaram testes cognitivos realizados em 1.000 voluntários, todos eles moradores da cidade de Boston, localizada no Estado de Massachusetts, nos EUA. A idade média dos participantes era de 69 anos.

Com os resultados em mãos, os especialistas verificaram que com o aumento dos níveis de material particulado finos transportados pelo ar estavam associados a um desempenho cognitivo mais baixo dos homens em atividades relacionadas à memorização de palavras e números.

Contudo, as análises mostraram também que mesmo quando os níveis de materiais particulados no ar aumentaram mas ficaram dentro do limite de 10 microgramas por metro cúbico, o recomendado pela OMS, os voluntários apresentaram menor desempenho em algumas tarefas.

“Este trabalho confirma que há uma ligação entre a poluição do ar e o funcionamento do cérebro em envelhecimento”, destacou Andrea Baccarelli, uma das autoras do estudo e professora de ciências e saúde ambiental na Universidade de Columbia, localizada em Nova York, em entrevista ao jornal Britânico The Guardian.

De acordo com Andrea, pouco tempo depois que o pico desta poluição a curto prazo passa, o cérebro das pessoas volta a realizar as atividades cognitivas com a fluência normal. Mas, a exposição a diversos aumentos na quantidade de material fino particulado ao longo do tempo pode causar danos permanentes aos indivíduos.

Entre todas as descobertas feitas pelo estudo, uma em especial chamou a atenção dos cientistas. A análise dos resultados mostraram que os voluntários que estavam tomando algum tipo de anti-inflamatório durante o período da pesquisa foram menos afetados pelos aumentos nos níveis de poluição do ar a curto prazo.

Os autores do estudo afirmam que esta constatação pode estar ligada ao fato de que esses medicamentos reduzem as inflamações causadas pelo contato do material particulado com o cérebro. Entretanto, os pesquisadores ressaltam também que ainda não há evidências suficientes para sugerir que pessoas mais velhas tomem anti-inflamatórios para combater os efeitos da poluição no cérebro.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Fábio Fleury

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