31/05/2021

Escritórios virtuais viram opção para empreendedores e autônomos

Além de sedes fiscais, empresas também oferecem salas para reuniões presenciais
Além de sedes fiscais, empresas também oferecem salas para reuniões presenciais Divulgação

A pandemia de covid-19 ajudou a consolidar o home office como um modelo de trabalho em todo o Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividade (SOBRATT), mais de 12 milhões de brasileiros trabalham de suas casas atualmente.

A crise econômica também forçou outro grande contingente a optar por abrir seus próprios negócios, como forma de obter outras fontes de renda. Em 2020, o governo federal registrou 2,6 milhões de novos cadastros de Microempreendedor Individual (MEI), o que representa 56,7% do total de empresas abertas no ano.

Mesmo assim, uma pesquisa apontou que mais de 300 mil metros quadrados em imóveis comerciais foram devolvidos apenas em 2020. A principal explicação, além de muitas operações terem sido transferidas para o trabalho remoto, são os altos custos envolvidos na manutenção dos endereços comerciais.

Com isso, uma alternativa que vem se ampliando no mercado são os escritórios virtuais, tanto para quem não tem muito capital para investir na abertura de uma nova empresa quanto para quem quer reduzir seus custos ou mesmo para atuar em outros mercados de forma remota. 

Tendência no exterior

No Brasil, o escritório virtual ainda é um conceito relativamente recente, mas existe nos EUA e na Europa desde, pelo menos, a década de 1970. De início, consistia em um local onde uma empresa estabelecida em Nova York, por exemplo, se registrava para atuar em Londres. Não necessariamente havia a produção no local, mas era onde a correspondência chegava e para onde os clientes em potencial poderiam ligar.

Hoje, o conceito se expandiu e os escritórios virtuais oferecem, além de um endereço físico para as correspondências e cobranças de impostos, um local onde as empresas podem receber clientes para as hoje cada vez mais raras reuniões presenciais, muitas vezes em endereços em que um aluguel de um escritório comum ficaria muito caro.

"O cliente fica impressionado quando você marca a reunião e o endereço fica em um local como a Avenida Paulista", reconhece William Batista, diretor da BlueBenx, empresa especializada em ativos digitais, como criptomoedas, que usa escritórios virtuais na Estônia e em Portugal e está finalizando um aluguel nos EUA.

"Acredito que a vantagem do virtual seja em relação ao custo da operação. Alugar um espaço, montar estrutura para poder ter endereço custa muito dinheiro e o virtual além de ser mais rápido, você compra o pacote mais adequado, você não tem todos esses custos embutidos", explica  William.

Explosão no Brasil

O húngaro Miklos Grof, veterano do mercado de startups, usava escritórios virtuais desde 2014 para ampliar a atuação e cortar gastos. Percebendo que o Brasil tinha um mercado com algumas empresas de coworking, mas que não atendiam à demanda pelos virtuais, ele e o sócio decidiram abrir em 2018 a Company Hero que hoje tem 17 endereços em 12 cidades brasileiras.

"Nossa ideia foi apostar na simplificação e na digitalização. O cliente pode escolher os serviços que precisa e fazer tudo na plataforma, sem precisar sair de casa para assinar um contrato físico. Já era uma tendência, mas agora aumentou muito a separação de onde acontece o trabalho e onde está a sede fiscal das empresas", diz o empresário.

Além de fornecer os endereços para os registros das empresas e salas para reuniões presenciais, a empresa vem ampliando as ofertas de serviços para ajudar na abertura dos registros, receber e digitalizar correspondências e fez parcerias com advogados e contadores para ajudarem nos trâmites burocrátcos. Com isso e o aumento da procura, o número de clientes aumentou 300% nos últimos dois anos.

Para o advogado Gustavo Gondo, abrir o escritório virtual foi "a saída certa na hora certa". Ele deixou um escritório de advocacia em 2019, ainda antes do início da pandemia, e optou por um endereço virtual para trabalhar de maneira autônoma. E não pretende mudar de modelo tão cedo.

"Começar um negócio em São Paulo, com os custos envolvidos, é uma coisa que dá medo, inclusive me assustava um pouco, me fez demorar. Vi esse modelo e achei bacana, era o que eu precisava. Tenho necessidade de um local de fácil acesso, correspondência, mas não preciso estar lá todo dia. me adaptei muito bem", conta o advogado.

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