08/08/2019

Fique atento: as tecnologias analógicas também vão impactar a sua vida

Imagem: Pixabay
Imagem: Pixabay Programa Inova 360

Por Marcio Bueno

Muitas empresas me consultam e me pedem ajuda para seus processos de transformação digital e quando eu pergunto se estão considerando também as tecnologias analógicas, tanto em seus processos de transformação digital ativa como passiva, todos me olham com estranhamento e espanto.

Se estou acompanhado por alguém da minha equipe, já se espera por esse momento, para ver a reação do cliente.

Nas palestras acontece o mesmo e provavelmente você, ao ler este artigo, também esteja curioso. Afinal, falar de tecnologias analógicas em pleno século 21, na era da Inteligência Artificial, chama bastante a atenção.

Muita gente tem cometido alguns erros de conceito, o primeiro é pensar que a tecnologia é o centro deste processo de transformação. Esta afirmação não é 100% correta e falaremos disso em outro artigo, porém um erro mais grave tem sido cometido, induzido pela indústria de tecnologia.

Quando falamos em transformação digital, nos referimos apenas a tecnologias digitais.

O processo de transformação digital se estrutura normalmente em três pilares:

1- Experiência do cliente

2- Otimização de processos

3- Infraestrutura

E, em alguns casos, existem empresas que começam a se preocupar por um 4º pilar, a cultura organizacional, mas ainda não sabe muito bem como integrar com os outros três.

É comum as empresas se concentrarem em dezenas de tecnologias para realizar sua transformação digital ativa (Leia o artigo “Sinto muito, mas a transformação digital não vai salvar a sua empresa” para entender a diferença entre transformação digital ativa e passiva).

Elas mergulham em um emaranhado de dezenas de tecnologias, suas características técnicas, seus diferencias de linguagens, interfaces, protocolos e como integrá-las à infraestrutura existente.

Se não bastasse a parte técnica, elas avaliam uma quantidade enorme de fatores, como espaço, consumo, capacidade de crescimento, escalabilidade, modelo de compra, aluguel, pago por uso, entre outros.

E com tanta tecnologia e projetos, podem passar toda a vida neste circuito.

Do pó de piscina às carnes de laboratório

Como sempre, para que não seja algo abstrato eu vou dar alguns exemplos.

Podemos falar sobre um pó que a BE&SK está trazendo para o Brasil, que ao ser colocado na piscina, muda a densidade da água, evita afogamentos e consequentemente elimina o uso de boias.

Um pó não é digital, mas vai impactar a indústria que fabrica boias, matéria prima (plástico) e demais insumos e toda a cadeia desta indústria.

Ou um ar condicionado portátil, lançado pela Sony, e que pode ser colocado na roupa. É do tamanho de uma bateria extra de celular, é analógico, mas se cumprir o seu papel, pode revolucionar o mercado de ar-condicionado residencial e inclusive centralizados, individualizando o controle da climatização.

Isto impacta, em primeira instância, os fabricantes de ar-condicionado e a profissão de instalador. Os impactos secundários são as empresas elétricas, os fabricantes de ferramentas, de dutos, material de construção, escolas profissionalizantes de instaladores, e uma longa lista.

Estes impactos podem ser analisados na ferramenta de análise de impacto da tecnologia da Tecno-Humanização, da BE&SK.

Porém, a tecnologia analógica que tem chamado mais a atenção nos últimos anos são as carnes de laboratório.

Na última década foram investidos mais de 18 bilhões de dólares em projetos de carnes de laboratório, alguns deles já estão no mercado.

A maioria são carnes baseadas em vegetais.

O Impossible Burguer, por exemplo, já captou mais de USD 750 milhões, está em centenas de hamburguerias americanas e recentemente fechou um contrato com o Burguer King para incluir no menu um lanche com o Impossible Burguer.

O Beyond Burguer, seu maior concorrente, em seu mais recente IPO superou o valor de mercado de USD 1 bilhão se convertendo em um unicórnio (startup com valor de mercado superior a 1 bi).

A Nestlé lançou na Europa o Awesome Burger e estima lançar nos Estados Unidos em outubro deste ano.

São hambúrgueres que têm textura de carne, cheiro de carne, gosto de carne, se pode dar o ponto de carne (bem, ao ponto e malpassado), porém não é de carne.

No Brasil temos o Futuro Burger, a marca que, ainda distante, mais se aproxima dos exemplos acima.

Em outra linha de pesquisa, na Holanda, temos a Mosa Meat que, a partir de uma fibra de músculo bovino, extrai a célula tronco e em poucas semanas tem um hambúrguer de laboratório.

São muitos os motivos que levam este produto a ser uma das estrelas do mercado de proteína, como o aumento da população mundial, sustentabilidade (água, terra, efeito estufa), mudança comportamental, preocupação com bem-estar animal, aumento de movimentos vegetariano e vegano.

Quem quiser conhecer mais, pode assistir o vídeo desta semana no canal observatório BE&SK.

O importante aqui é que este tipo de tecnologia vai impactar (e muito) os produtores de gado, transporte, mercado veterinário, vacinas, seguros, frigoríficos etc.

Agora faço uma pergunta.

Um pó para piscina, um ar-condicionado portátil e um hambúrguer são digitais?

Ser consciente disso pode trazer muitos benefícios, por exemplo, se você começar a cultivar as plantas para o hambúrguer pode ser uma grande oportunidade, por outro lado, desconhecer ou ignorar as tecnologias analógicas pode representar o fim do seu negócio.

 

Marcio Bueno assina a coluna “Tecno-Humanização”, no Inova360, parceiro do portal R7. É Tecno-Humanista, fundador da BE&SK (www.bensk.net) e criador do conceito de Tecno-Humanização.

marciobueno@bensk.net

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