Com o objetivo de frustrar o sistema de coleta de dados que muitas empresas criaram nos últimos anos, uma equipe de engenheiros de computação da Universidade de Chicago, nos EUA, desenvolveu uma ferramenta que confunde os sistemas de reconhecimento facial.
O software recebeu o nome de “Fawkes”, em homenagem a máscara de Guy Fawkes – um soldado inglês que participou da “Conspiração da Pólvora”, no século XVII, cuja imagem acabou se tornando um símbolo de rebelião e de anarquia –, que tem sido utilizada por manifestantes em todo o mundo.
A partir de um banco de dados de rostos de celebridades, o programa é capaz de alterar sutilmente alguns traços dos quais os sistemas de reconhecimento facial dependem para construir a impressão facial de uma pessoa.
Em um trabalho de pesquisa relatado pelo OneZero, a equipe descreve fotos “camufladas” da atriz Gwyneth Paltrow usando o rosto do ator Patrick Dempsey. Com base nas fotos de Paltrow, o sistema “aprendeu” a aparência da atriz, e então começou a associá-la a alguns traços do rosto de Dempsey.
As mudanças foram sutis e imperceptíveis a olho nu. Nos testes, os pesquisadores conseguiram enganar os sistemas de reconhecimento facial da Amazon, da Microsoft e da empresa de tecnologia chinesa Megvii.
Os pesquisadores explicam que a ideia seria que as pessoas começassem a “camuflar” todas as imagens que publicam na rede, para que dessa forma, empresas como a Clearview – que coletou bilhões de fotos online para criar uma ferramenta de reconhecimento facial para a polícia – não sejam capazes de criar um banco de dados em funcionamento.
Em entrevista ao jornal americano The New York Times, o executivo-chefe da Clearview Hoan Ton-That, afirmou, no entanto, que a tecnologia não interferia em seu sistema. “Existem bilhões de fotos não ‘camufladas’ na internet, todas em diferentes nomes de domínio. Na prática, é quase certamente tarde demais para aperfeiçoar uma tecnologia como a 'Fawkes' e implantá-la em escala.”
O software foi disponibilizado aos desenvolvedores do site no mês passado, e após ter sido descoberto pelo Hacker News, foi baixado mais de 50 mil vezes. Os pesquisadores estão trabalhando em uma versão gratuita para leigos, que deve ser disponibilizada em breve.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques
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