A perseguição do guepardo a sua presa é uma das mais conhecidas e dramáticas batalhas na natureza selvagem.
Esse felino é o animal terrestre mais veloz do mundo, mas nem sempre a rapidez garante o sucesso de sua caçada.
Em média, um guepardo só consegue capturar seu alvo em metade das tentativas.
Qual é, então, o segredo de quem consegue escapar?
Cientistas puseram coleiras para monitorar guepardos e suas presas a fim de descobrir isso.
Os equipamentos foram criados especialmente para registrar a velocidade do animal, sua aceleração e desaceleração e quão rápido eles consegue mudar de direção.
Uma pequena amostra do seu tecido muscular foi coletada para analisar a força muscular máxima do animal.
O estudo publicado na revista Nature também faz parte do documentário Big Cats (Grandes Felinos, em tradução livre), da BBC.
“Vemos o espetáculo da caçada em documentários sobre vida selvagem, mas, aqui, estamos registrando milhares de caçadas, inclusive as que não vemos, como quando caçam à noite ou em meio à vegetação mais densa”, diz o veterinário Alan Wilson, pesquisador do Royal Veterinary College, no Reino Unido, que conduziu a pesquisa em parceria com cientistas da Universidade de Botsuana.
“Isso nos permite ter um retrato completo de como funciona uma caçada e ter um modelo computacional capaz de nos dizer como será uma perseguição e seu resultado.”
Foi assim que os cientistas descobriram que os animais que escapam de guepardos fazem isso ao dar uma guinada para o lado no último segundo.
Quanto maior a velocidade de um predador, mais difícil é para ele virar tão abruptamente. Para um animal tão rápido quanto o guepardo, que atinge até 100 km/h, essa manobra é ainda mais complexa.
“A presa define como será a caçada”, diz Winson. “Ela decide quando correr, quão rápido ela irá. Então, está sempre um passo à frente do predador.”
Com isso, o predador precisa ser mais atlético, acrescenta o pesquisador, para ser capaz de competir com a mais habilidade da presa de realizar manobras.
O guepardo tem 20% mais força muscular, uma capacidade de aceleração 37% maior e 72% de desaceleração em comparação com uma de suas presas mais comuns, a impala.
É essa capacidade de mudar de direção que permite à impala e outros animais sobreviverem mesmo sem superar o felino na corrida.
“Se a presa tenta escapar usando velocidade, faz uma péssima escolha, porque o guepardo é mais rápido e consegue acelerar mais velozmente. Fazer isso favorece o predador”, afirma Wilson.
“A melhor tática para a presa é correr relativamente devagar e virar no último momento possível.”
Cientistas atribuem essas diferenças a um reflexo da “corrida da evolução” entre presa e predador.
Em outras palavras, se os predadores fossem muito bem-sucedidos em suas caçadas, eles acabariam ficando sem ter o que caçar em pouco tempo.
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