02/02/2018

O que a mudança brusca de temperatura durante o eclipse da superlua pode ajudar a revelar

Mudança na temperatura durante eclipse ajuda cientistas a entender fenômenos lunares
Mudança na temperatura durante eclipse ajuda cientistas a entender fenômenos lunares Getty Images

Os eclipses lunares como o que se viu nesta quarta-feira são um grande espetáculo.

Quem observou o céu conseguiu apreciar uma lua mais brilhante e maior, conhecida como superlua, que também coincidiu com um eclipse, com uma lua azul e uma lua de sangue, que resultou em imagens incríveis.

Mas os cientistas que investigam as características do satélite natural da Terra ganharam mais um presente.

Eclipses como o de quarta-feira são uma oportunidade perfeita para estudar a Lua usando uma câmera térmica astronômica, de acordo com a agência espacial norte-americana Nasa.

"Durante um eclipse lunar, a oscilação da temperatura é tão dramática que é como se a superfície da Lua passasse de um forno a um freezer em poucas horas", explica o cientista Noah Petro, do Orbitador de Reconhecimento Lunar da Nasa.

A temperatura na superfície lunar durante um eclipse varia entre 93°C e -128°C.

O regolito

A mudança de temperatura é extrema e ocorre em um período relativamente curto.

Do Observatório Haleakala, na Ilha de Maui, no Havaí, pesquisadores americanos fizeram testes medindo comprimentos de ondas invisíveis para detectar o calor.

O principal objetivo foi estudar as características do regolito, a camada que recobre as rochas tanto na Lua quanto na Terra - formada por materiais diferentes em cada um desses astros -, diz a Nasa.

Ter uma compreensão clara de qual é a composição do solo na Lua é valioso para que as futuras missões tripuladas localizem pontos confiáveis ​​para fazer um pouso lunar.

"Se você quiser pousar em um ponto, você quer ter certeza de que é um lugar seguro e relativamente livre de rochas", disse o cientista da Nasa Rick Elphic à NPR (Rádio Pública Nacional dos Estados Unidos, na sigla em inglês).

"Um lugar onde suas botas não vão afundar em 18 polegadas (45 cm) ou algo assim", diz ele.

O lado escuro das crateras

O eclipse desta quarta-feira também ajudou no mapeamento da superfície lunar, uma tarefa que centros como o Orbitador de Reconhecimento Lunar têm a oportunidade de realizar uma ou duas vezes por ano, quando ocorrem eclipses lunares totais.

"Toda a natureza da Lua muda quando é observada com uma câmera térmica durante um eclipse", diz Paul Hayne, do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade de Colorado Boulder.

Observação permite que pesquisadores entendam como ocorre a evolução na superfície lunar
Observação permite que pesquisadores entendam como ocorre a evolução na superfície lunar Nasa

Como explica a Nasa, quando ocorre um eclipse, crateras desconhecidas ficam expostas, uma vez que as rochas perdem calor com mais ou menos rapidez, dependendo de seu tamanho.

"Algumas crateras começam a brilhar porque as rochas das quais são formadas ainda estão quentes", diz Hayne.

Esse tipo de informação permite que os pesquisadores entendam como ocorre a evolução da superfície da Lua.

"Nos ajudam a contar a história de como os grandes e pequenos impactos estão mudando a superfície da Lua através da escala de tempo geológico", afirma o cientista Noah Petro.

Água na Lua

Outro objetivo da Nasa ao estudar a Lua durante os eclipses é entender como é o terreno de seus polos.

Até agora, as missões lunares se concentraram em regiões próximas ao equador do satélite.

Mas o Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, encontrou evidências de que há depósitos de gelo no polo norte da Lua.

"Os depósitos de gelo parecem ser desiguais e finos, e é possível que eles possam se misturar com a camada superficial de terra, poeira e pequenas rochas, chamadas regolito", diz o Centro Ames.

Uma futura missão tripulada à Lua, que encontre um ponto ideal para um pouso a partir de estudos feitos durante os eclipses, poderia fazer mais pesquisas e até mesmo se servir dessa fonte de água.

"O gelo lunar não só poderia fornecer recursos para a exploração, mas também poderia nos ajudar a entender as origens da água da Terra", diz Matt Siegler, pesquisador do Instituto de Ciências Planetárias.

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