Pouco mais de uma década depois da descoberta de restos dos hominídeos de Denisova em uma caverna da Sibéria, pesquisadores fizeram a primeira reconstrução do rosto destes "parentes distantes" dos humanos modernos.
Por meio de análises de DNA do material encontrado em 2008 — três dentes, um osso de dedo mindinho e uma mandíbula —, cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém reconstituíram os traços da espécie, extinta há cerca de 50 mil anos.
Acredita-se que os hominídeos de Denisova habitaram a região da atual Sibéria e parte do leste da Ásia.
Também há evidências de que eles viveram em regiões altas do Tibete, passando adiante genes que ajudaram humanos modernos a se adaptar a regiões de altitude.
Cerca de 5% do DNA da população nativa da Oceania pode ser ligado aos hominídeos de Denisova, dizem estudos.
Não se sabe como eles desapareceram.
"Os hominídeos de Denisova se assemelhavam aos Neandertais de várias maneiras, mas alguns de seus traços se aproximavam mais aos dos humanos modernos — outros eram únicos", diz o professor Liran Carmel, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém.
O trabalho foi publicado na revista científica Cell nesta quinta-feira (19).
Aproximadamente 100 mil anos atrás, grupos diferentes de hominídeos — incluindo os seres humanos modernos, Neandertais e os Denisova — conviviam no planeta.
A reconstrução — baseadas em complexas análises de DNA dessas espécies e de outro homínideo, os chimpanzés — mostram que o crânio do hominídeo de Denisova era provavelmente mais largo do que o dos humanos modernos ou dos Neandertais. Eles também tinham o queixo "para dentro".
Assim como os Neandertais, tinham a testa protuberante e o rosto largo. Como os humanos modernos, a arcada dental ampla.
Para Carmel, o trabalho é apenas o começo de uma longa pesquisa sobre os Denisova, sobre a qual a Ciência ainda sabe muito pouco.
"Eles eram muito semelhantes a nós em alguns aspectos. Por isso, é fundamental entender as diferenças para tentar compreender como nos adaptamos no mundo", disse à BBC.
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