30/09/2020

Conheça o alfaiate digital e sua utilidade ao setor de vestuário

Cairê gastou cerca de R$ 250 mil para criação da marca Ateliê 4.0
Cairê gastou cerca de R$ 250 mil para criação da marca Ateliê 4.0 Arquivo pessoal

Você é capaz de imaginar que a volta das roupas sob medida pode ser uma boa solução para o setor de vestuário? Parece um retorno ao passado, mas é o que acredita Cairê Moreira. A ideia desse jovem de 26 anos não é entrar na máquina do tempo e sim usar os benefícios do mundo high tech para melhorar, hoje, a vida das pessoas.

Cairê é conhecido como um alfaiate digital. Ele tem graduação em animação 3D e especialização em Confecção 4.0, um curso do Senai que estuda como a tecnologia pode ser usada na indústria têxtil. Por meio de um scanner, o corpo da pessoa é registrado e todas as medidas são tiradas. Com isso, é possível produzir roupas sob medida e com menos perdas de tecidos.

“Fazemos a digitalização do corpo da pessoa com uma câmera, os dados vão para um software, que ajusta os dados e um mapa do corpo da pessoa. Depois disso, sai para produção das roupas. A diferença do modelo tradicional é que tem de comprar uma grande quantidade de tecido, e gasta muito”, explica o empreendedor.

Veja como funciona no vídeo abaixo:

A pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos de lançamento do Atelier 4.0, marca de Cairê que começaria a vender em março deste ano, mas teve adiar os planos com a quarentena.

Para conseguir transformar o projeto em realidade, o jovem precisou convencer fornecedores e produtores de roupas que o negócio é viável. “A cadeia de produção de roupas funciona igual há anos. A compra de tecido só é em grande escala. Nosso caminho foi criar relacionamento da cadeia de produção e convencer as pessoas a aceitar a ideia”, conta.

Croquis digitais produzidos com dados de scanner
Croquis digitais produzidos com dados de scanner Reprodução Instagram @cairemoreira

Competitividade

Mas não dá para fugir da dúvida sobre o preço das peças. Cairê afirma que consegue produzir peças com valores competitivos. Por exemplo, um conjunto de moletom com calça e blusa, sai R$ 150 cada peça. “É um valor compatível ao mercado, com a diferença que a roupa vai ficar perfeita na pessoa”, ressalta o jovem.

A criação da Atelier 4.0 foi um sonho bem caro e Cairê investiu cerca de R$ 250 mil, só o scanner custa R$ 70 mil.

Mas o investimento começa a ter resultados. Com o apoio da Associação Brasil Plus Size e da consultoria de pesquisas Aerolito, o empreendedor conseguiu convencer a Ashua, marca para tamanhos grandes da Renner, a testar o scanner e ter mais uma opção de produto para os clientes.  

“A indústria da moda nunca viu com bons olhos usar a tecnologia. Eu acredito que vai dar certo! É esperar acabar a pandemia para que tudo seja retomado e o projeto saia do papel”, conta otimista Cairê.

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