Por Marcio Bueno
O que diria Friedman se levantasse a cabeça?
Este mês comemoramos o jubileu de ouro do artigo publicado no New York Times por Milton Friedman.
Mas quem foi Milton Friedman?
Um economista brilhante, prêmio Nobel de economia em 1976, assessor de três presidentes americanos, neoliberalista e defensor da economia de mercado.
Suas teorias tiveram uma enorme participação no desenvolvimento do capitalismo e da economia mundial.
Segundo Friedman, a empresa pertence a seus acionistas e, portanto, sua única função é gerar lucro para eles, respeitando a lei.
Em seu famoso artigo “A Responsabilidade Social dos negócios é aumentar seus lucros”, publicado no New York Times, em 13 de setembro de 1970”, ele disse:
“There is one and only one social responsibility of business—to use its resources and engage in activities designed to increase its profits.”
“Há uma e apenas uma responsabilidade social das empresas – usar seus recursos e se envolver em atividades destinadas a aumentar seus lucros.”
Isso significa que Friedman era insensível e cruel, que só se preocupava com o dinheiro?
Eu suponho, e espero, que não.
Ele simplesmente baseou sua teoria em um raciocínio lógico.
Se a empresa tem lucro, a empresa cresce de maneira saudável.
Se a empresa ganha mais dinheiro e cresce, empresa gera mais emprego.
Se empresa gera mais emprego, paga salário e gera bem-estar econômico para as pessoas.
Se empresa cresce, gera mais emprego e vende mais, empresa recolhe mais impostos.
Se o estado arrecada mais impostos e cumpre sua função de servir, oferece maior bem-estar social para as pessoas.
De todas formas, o estado deve ter o menor papel possível, o mercado regula e a economia e a sociedade, e viveremos felizes para sempre.
A teoria é muito boa, de uma lógica esmagadora e funcionou durante um tempo.
Empresas cresceram, o emprego aumentou, as pessoas ganharam dinheiro e a qualidade de vida da humanidade subiu vários pontos em relação ao século passado.
Tudo parecia ir bem, até que algumas variáveis não consideradas nesta equação começaram a ter mais peso que o próprio objetivo do modelo.
O entorno também mudou e a tecnologia jogou por terra uma das principais premissas da teoria de Friedman.
Empresa que cresce e ganha dinheiro gera emprego…
Esta premissa já não é verdadeira, ao menos não na mesma proporção que antes.
Com tecnologia, é possível escalar, ser global, ser unicórnio, com dezenas ou no máximo centenas de colaboradores.
Outro aspecto que não se considerava neste modelo, eram fatores inerentes ao ser humano, que afloram e se tornam ainda mais predominantes em situações de alta pressão, como a ética, o ego, a ganância, a hipocrisia, entre outros.
Quando se começou a falar em otimização de processos, a gestão ainda estava gatinhando, havia muita margem de manobra, portanto tudo era feito em benefício do negócio e com a boa fé.
Não obstante, ao avançar e a administração ganhar tantas ferramentas e se transformar quase em uma ciência, o espaço para otimização diminuiu e começaram e repetir-se os ciclos: Fazer mais com menos… ano após ano.
Este modelo, já esgotado, aumentou a pressão e a imensa maioria das pessoas não costumam reagir bem sob pressão e para manter o alto padrão conseguido nos tempos de bonança, começaram a buscar os resultados a qualquer custo.
Neste caso, o escudo dos executivos é dizer que suas empresas têm forte governança e agem dentro da lei. Diga-se de passagem, em alguns casos, os negócios cumprem as leis que são feitas a medida para seus negócios.
A ética, por ignorância ou por falta de carácter, é frequentemente confundida com governança e compliance. A governança é muito importante e necessária nas empresas, mas não é suficiente.
O ego, poder, ganância e o egoísmo fizeram com que as empresas cruzassem uma linha muito perigosa.
E todo os deslizes e excessos cometidos pelas empresas, a maioria de forma inconsciente, estão voltando com juros e correção monetária à própria empresa.
O excesso de pressão e de otimização, colocou o Brasil como líder mundial de pessoas com transtorno de ansiedade e o país com maior número de pessoas com depressão da América Latina.
A depressão o transtorno de ansiedade são a segunda maior causa de licença e absenteísmo laboral.
Este é somente um exemplo, mas há muitos mais.
Tem o outro lado da moeda, empresas que entenderam que não vale tudo para ganhar dinheiro, e ganham mais dinheiro ainda sendo consciente e humanizado. Também tem, cada vez mais, empresas que querem ser mais humanizadas e não sabem como.
Como há muita informação a ser explorada neste aspecto decidi escrever um e-book com a Humanizadas, empresa que realiza uma pesquisa em mais de um milhar de empresas brasileiras, onde vamos mostrar o impacto positivo da humanização nos resultados e uma metodologia que aplica tecnologia para humanizar sua empresa.
Este e-book mostrará que é possível criar riqueza sem gerar miséria.
O que diria Friedman se levantasse a cabeça?
Marcio Bueno assina a coluna “Tecno-Humanização”, no Inova360, parceiro do portal R7, e apresenta um quadro sobre o tema no programa de TV Inova360, na Record News. É Tecno-Humanista, fundador da BE&SK e criador do conceito de Tecno-Humanização.
0 comentários:
Enviar um comentário