26/12/2019

Paraquedas são tão difíceis de se construir quanto foguetes 

Sonda da SpaceX tem impacto do pouso absorvido pelo paraquedas
Sonda da SpaceX tem impacto do pouso absorvido pelo paraquedas NASA/Cory Huston

Quando pensamos em dificuldades de missões espaciais, os primeiros itens que imaginamos são os foguetes. Mas o que realmente tem dado trabalho para as grandes empresas, como a SpaceX e a Boeing, são os projetos dos paraquedas que auxiliam no pouso durante a aterrissagem que cruza a atmosfera em uma velocidade supersônica.

A repórter Samantha Masunaga, do jornal Los Angeles Times, fez uma matéria sobre a dificuldade que essas empresas estão encontrando no desenvolvimento de um produto mais seguro e eficaz. Durante a cobertura do tema, ela pôde compreender que abrir um paraquedas preso a uma espaçonave é uma manobra um tanto quanto arriscada. O pouso deve ser pensado nos mínimos detalhes, os tripulantes, caso houver, podem morrer no impacto. A responsabilidade é alta.

Uma das maiores dificuldades apresentadas nesses projetos são os testes. Um modelo previsto e estudado em um computador não atinge a mesma eficácia e poder de mensuração que um teste real possui. Inteligência artificial não pode demonstrar e prever todas as reações adversas possíveis durante um pouso.

Tanto a SpaceX quanto a Boeing têm contrato de tecnologia com a Nasa para o desenvolvimento e criação de aeronaves que irão transportar tripulações para a Estação Espacial Internacional (ISS). Ambas se preocupam com o tema da aterrissagem segura por meio do paraquedas.

Durante um teste em abril deste ano, a SpaceX perdeu três de quatro paraquedas que transportavam carga, que falharam no teste. Já a empresa Boeing testou no último domingo (22) o sistema de paraquedas da cápsula Starliner (que pretendia chegar até a ISS), agora batizada de Calypso, e, apesar de a espaçonave não conseguir completar sua missão, seu retorno foi perfeito. Teve um pouso tranquilo no estado do Novo México.

Os paraquedas estão em pauta em projetos espaciais desde o início das primeiras explorações. O projeto Apollo também fez experimentos para ter mais segurança nos paraquedas das cápsulas. O item de segurança era tão importante para o programa que apenas três pessoas eram habilitadas para embalar manualmente o paraquedas para o voo do Apollo 15. Dezenas de testes foram realizados, porém mesmo assim um dos paraquedas não funcionou. No entanto, não houve impacto, e o pouso foi realizado em segurança graças as outros equipamentos.

Na aterrissagem, a pressão atmosférica muda em uma fração de segundo. Por isso a modelagem do computador não detecta todas as tensões que o paraquedas irá percorrer até finalmente pousar. Durante testes realizados neste ano, a SpaceX identificou problemas no peso que as cordas poderiam suportar. Para resolver o problema, a empresa deixou suas cordas mais resistentes, mas com um material mais leve, para que o peso adicionado fosse compensado.

*Estagiário do R7, sob supervisão de Isadora Tega

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