Um britânico de 24 anos passou por uma cirurgia de emergência após seu intestino explodir devido ao excesso de fezes. Ele chegou ao Hospital Universitário de Newham, em Londres, já inconsciente e com dor abdominal debilitante, de acordo com relato médico no periódico científico BMJ Case Reports.
O diâmetro do sigmoide, região em forma de “s” do intestino próxima ao reto que tem cerca de 5 cm, chegou a 18 cm neste paciente.
Perfurações intestinais podem ser fatais por causa do risco de sepse, infecção generalizada, neste caso, ocasionada por bactérias do intestino. Mas o homem sobreviveu.
O médico responsável pelo procedimento, o cirurgião Alexandros Apostolopoulos, foi contatado pelo R7, mas não pôde dar entrevista até a publicação desta matéria.
O paciente, que apresenta transtorno do espectro de autismo, foi diagnosticado com megacólon crônico, também chamado de Doença de Hirschsprung (DH), uma condição rara que afeta a parte motora do trato intestinal levando a constipações severas.
A doença ocorre durante o desenvolvimento do intestino no período embrionário e pode estar associada a outras anomalias congênitas. A falha de migração de células precursoras de gânglios do cólon resulta em segmentos aganglionares do intestino levando a uma obstrução funcional.
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Estima-se que uma em cada 5 mil pessoas tenha a doença, sendo mais comum em homens. Estudos identificaram mutações em 10 genes que colaboram para o surgimento da DH. As mais comuns são as mutações no gene RET, gene EDNRB e gene END3.
O tratamento é realizado por meio de cirurgia do segmento anormal do intestino, seguido de religação da parte saudável ao ânus. Geralmente a cirurgia é feita em duas fases, sendo a a primeira a separação do cólon saudável do afetado, com o uso de colostomia, bolsa externa para depósito das fezes, e a segunda, a remoção do cólon afetado, com retirada da bolsa e conexão do cólon saudável com o ânus.
O paciente apresentava histórico de constipação e havia ido ao pronto-socorro dois dias antes do incidente. Na ocasião, seu estômago estava inchado e seu intestino, repleto de fezes.
Os médicos prescreveram laxantes e o orientaram a fazer enemas, introdução de medicamento via retal. Ele recusou os enemas e manteve o laxante oral, mas, dias depois, os sintomas pioraram e ele voltou ao hospital já com a perfuração.
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De acordo com o relato, a explosão do intestino poderia ter sido evitada se a doença tivesse sido diagnosticada anteriormente. Uma avaliação teria impedido a perfuração e uma cirurgia eletiva poderia ter sido planejada, segundo os médicos.
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