Milhares de pessoas viajaram para regiões do Chile e da Argentina a fim de ver o eclipse total do Sol previsto para esta terça-feira, 2 de julho.
O fenômeno poderá ser visto em sua totalidade em uma faixa que vai do norte do Chile até o sudeste da Argentina.
Também poderá ser visto parcialmente em outras partes dos dois países e também na Bolívia, Paraguai e Uruguai, assim como em partes de Brasil, Colômbia, Equador, Nicarágua, Peru e Venezuela.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, o início do eclipse parcial é previsto para as 17h, com auge às 17h54 e fim às 18h44. Em Porto Alegre, no Sul do país, o ápice do eclipse parcial será às 17h50, segundo o mapa. Já em algumas cidades do Nordeste, como Recife, Maceió e Natal, a agência informa que o fenômeno não será visível.
Um eclipse solar total só é visível a partir de um mesmo lugar (como uma cidade) a cada 375 anos, em média. Mas, de forma geral, esses fenômenos ocorrem em algum ponto da Terra aproximadamente a cada 18 meses.
O último, em 21 de agosto de 2017, cruzou diagonalmente a América do Norte - o próximo está previsto para ocorrer também na América do Sul, em 14 de dezembro de 2020.
Mas a escuridão é apenas o efeito mais óbvio de um eclipse como esse sobre a Terra. Quais são os outros impactos?
Em 1715, o famoso astrônomo e astrofísico inglês Edmund Halley testemunhou um eclipse total do Sol e afirmou que "frio e umidade se juntaram à escuridão", causando "algum horror" entre os espectadores.
Sabe-se agora que, quando a Lua bloqueia completamente a luz solar, as variáveis meteorológicas de temperatura, umidade relativa e pressão mudam.
Mas quão frio fará nesta terça-feira em áreas de total escuridão? Será necessário levar um casaco extra?
Conforme explicado pela Nasa, a agência espacial americana, a queda de temperatura será equivalente à diferença que existe entre o dia e a noite naquela época do ano para aquele local.
Por exemplo, durante o eclipse solar total de 2017, cientistas mediram a temperatura em Fort Laramie, no Estado do Wyoming, nos Estados Unidos, e descobriram que o fenômeno causou uma redução de 3,5°C.
De acordo com a pesquisa, liderada pela física Jennifer Fowler, essa "queda de temperatura está dentro do intervalo registrado em estudos anteriores".
A escuridão gera outra mudança na atmosfera: o chamado "vento do eclipse".
De acordo com um estudo publicado em 2016 pela Universidade de Reading, no Reino Unido, "como o Sol desaparece atrás da Lua, o chão é abruptamente resfriado", disse o físico atmosférico Giles Harrison.
"Isso significa que o ar quente para de subir do chão, causando uma queda na velocidade do vento e uma mudança em sua direção."
Quando a luz retorna, o vento sopra novamente como antes.
"À medida que o eclipse parcial se torna total, o nível de radiação solar em um determinado local diminuirá três vezes mais rápido do que quando o Sol se põe normalmente, possivelmente desencadeando respostas únicas das plantas únicas", relata a Nasa em seu site.
A agência diz "possivelmente" porque o assunto ainda não foi sistematicamente estudado.
Por exemplo, no mês passado da revista Nature publicou os resultados de um estudo realizado pela Universidade de Wyoming durante o eclipse solar total de 2017 que analisou seus efeitos sobre a artemisia tridentata, um tipo de arbusto encontrado na América do Norte.
"A redução da temperatura e falta de luz solar impactaram o ciclo circadiano da planta, gerando uma resposta mais forte do que acontece quando nuvens bloqueiam a luz do sol", disse Daniel Beverly, um dos autores do estudo, à revista Scientific Reports.
"No entanto, a duração do eclipse não foi suficiente para que as plantas fossem levadas ao seu estado noturno."
No local onde a equipe de Beverly fez suas medições, o eclipse solar total durou 2 minutos e 18 segundos. No eclipse desta terça-feira, o tempo máximo passará de 2 minutos e 30 segundos.
De acordo com a Nasa, "em muitos eclipses, foi relatado muitos animais ficam assustados e mudam de comportamento, como se tivesse chegado o crepúsculo".
No entanto, como com as plantas, a maioria dos dados sobre o comportamento animal são anedóticos e isolados.
Para mudar isso, durante o eclipse de 2017, além de analisar fenômenos atmosféricos, a equipe de Fowler se juntou à organização iNaturalist para fazer um levantamento do comportamento animal.
Entre as mais de 2.700 observações, houve algumas padrões. Por exemplo, no caso das aves, "algumas pessoas viram andorinhas se reunirem em bandos e voar durante o eclipse", disse a iNaturalist.
Quanto aos insetos, "muitas pessoas escutaram as cigarras pararem de cantar e os grilos começaram a fazer isso, o que, em seguida, se inverteu quando eclipse total acabou".
A iNaturalist destacou ainda que "muitos observaram que suas galinhas se recolheram para descansar e ficaram em silêncio durante o eclipse, enquanto muitas pessoas também notaram que seus galos começaram a cantar durante o eclipse."
Por outro lado, costuma-se dizer que quando a Lua cobre o Sol, as cabras desmaiam. Embora isso possa parecer muito engraçado, é um mito, como mostrou a BBC durante uma cobertura ao vivo do eclipse de 2017 em uma fazenda de cabras.
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