Gripe, sarampo, ebola, HIV e agora novo coronavírus. Esses são apenas alguns exemplos de doenças causadas por vírus. Do ponto de vista estrutural, nada indicaria tamanho poder em algo que não passa de uma pequena cadeia de material genético, conforme informações do infectologista Wladimir Queiroz, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo. Mas ele explica que os vírus, apesar de não serem tão poderosos, têm a capacidade de se tornarem muito potentes
Por conta de sua simplicidade, os vírus dependem de estruturas de uma célula para se replicarem, conforme explica o infectologista. De acordo com a frequência com que essa replicação ocorre, esse processo acaba gerando diversas mutações
Queiroz explica que, enquanto a maioria dessas mutações tornam o vírus mais fraco e acabam o incapacitando de contaminar novas células, outras, eventualmente, acabam fortalecendo o vírus, fornecendo novas características a ele
Isso é algo que ocorre com muita frequência no vírus influenza, que causa a gripe. Por meio de dois mecanismos de mutação, esse vírus consegue alterar seu próprio material genético e conquistar a habilidade de rodar entre espécies. "Por isso vemos gripes como a aviária e suína, sendo estes os últimos hospedeiros do vírus antes de infectar o ser humano", explica o infectologista
Após o vírus ganhar essa capacidade, ele se espalha entre humanos em uma taxa muito alta, salienta Queiroz. "O HIV sem tratamento, por exemplo, consegue se multiplicar entre 10 milhões de vezes e 10 trilhões de vezes dentro das células em um único dia", conta o médico
Devido à essa altíssima taxa de duplicação, muitas dessas cópias acabam saindo “erradas”. Se apenas uma der "sorte" de ser resistente a um medicamento, o vírus, então, se torna mais forte e difícil de ser combatido, conforme explicação do infectologista. "Trata-se de um mecanismo totalmente aleatório e que acontece com alguma frequência nos vírus", diz Queiroz, que complementa: "É uma ameaça que a humanidade enfrenta há muito tempo"
O infectologista afirma que, graças a essa alta mutabilidade, a ação dos vírus acaba sendo facilitada, pois cada nova roupagem encontra pouca resistência inicial nos humanos, já que, "sem reconhecer esta roupa nova do vírus, o organismo humano demora algum tempo para criar imunidade"
Este é, também, o grande desafio das vacinas contra os vírus. Essa grande variedade dos tipos faz com que, a cada ano, a nova aplicação da vacina contra a gripe, por exemplo, contenha uma imunização para novas formas nas quais os vírus se apresentam
Apesar de explicar que existe muito alarmismo quando se utilizam métodos matemáticos para avaliar as probabilidades de uma nova onda de algum vírus, o médico afirma que, de tempos em tempos, se espera que ocorra uma epidemia, ou mesmo uma pandemia
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