Pesquisa mostra cerca de 1,4 milhão de jovens que nunca acessaram internet Por Redação Link São Paulo, 24 (AE) - No Brasil, 1,4 milhão de crianças e adolescentes nunca utilizou a internet na vida. A informação faz parte da pesquisa TIC Kids Online, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O estudo reúne dados sobre o acesso a computadores e internet por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos no País e foi divulgado na terça-feira, 23. O levantamento foi realizado entre outubro de 2019 e março de 2020, antes da pandemia de coronavírus, mas, de acordo com Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, os dados são importantes para entender como essa população tem interagido com a internet durante a quarentena. Atualmente, 89% das crianças e adolescentes estão conectadas à internet. Mas, apesar do alto número, a parcela fora desse porcentual desperta preocupação: ainda são cerca de 3 milhões de pessoas sem rede, sendo que 1,4 milhão nunca teve acesso a internet. As regiões também têm peso no recorte quando se fala em conexão. Nas regiões Norte e Nordeste, menos de 80% das crianças e adolescentes têm acesso à internet. Quando analisado em domicílios, a situação se estende também para outras partes do país. O estudo estimou que cerca de 4,8 milhões de crianças e adolescentes não tem internet em casa. A maior parte está concentrada nas famílias de renda mais baixas nesses locais. Assim, para a maioria delas, o celular é o única fonte de conexão, por meio de Wi-Fi de vizinhos e redes móveis, como 3G e 4G. Segundo Luísa, a popularização dos telefones celulares traz uma melhoria nas condições de acesso, mas acende um sinal de alerta quando é o único dispositivo capaz de conectá-los à rede. De acordo com o estudo, 58% das crianças e adolescentes usam a internet exclusivamente pelo celular. "O aumento desse uso representa uma melhoria, porque tem feito com que esse acesso seja maior, mas também é um ponto de atenção ver que esse acesso é exclusivo pelo telefone. Quando a gente olha o uso do dispositivo entre as classes, ultrapassa 90% em todas as classes, mas é maior nas classes D e E", explica Luísa. O acesso no computador, então, segue os padrões inversos de acesso por esses jovens. Apenas 21% das crianças e adolescentes da classe D e E tem acesso a internet no computador, enquanto em classes socioeconômicas mais altas, a parcela pode chegar em até 75%. Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, explica que, em tempos de educação a distância, esse indicador evidencia a diferença no acesso aos materiais de estudos, com muitas crianças e adolescentes acessando esse conteúdo apenas pelo celular, que muitas vezes é dos pais ou de uso compartilhado pela casa. Em pesquisa divulgada no início de junho, a TIC Educação, também do mesmo órgão, revelou que além das escolas públicas estarem menos preparadas para fornecer seus conteúdos onlines, outros problemas eram encontrados no caminho: entre alunos de escolas públicas, por exemplo, 39% não possuíam tablets, notebooks ou desktops. "Isso mostra que, em condições limitadas de acesso, o ensino fica comprometido. O da internet nas classes mais baixas evidencia as desigualdades digitais que ainda persistem em nosso País. Esse fato por si só representa a relevância na efetividade de políticas públicas na área. Com escolas fechadas, a falta de internet intensifica ainda mais a diferença entre escolas públicas e privadas", afirma Barbosa.
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