31/10/2017

O Facebook está ouvindo suas conversas? Usuários dizem que sim

Novos relatos mostram propagandas que aparecem após conversas sobre um assunto específico
Novos relatos mostram propagandas que aparecem após conversas sobre um assunto específico Pixabay

O Facebook possui um dos maiores bancos de dados com conhecimento sobre a população mundial da história. Do tipo que supera até governos autoritários, como o chinês. A empresa traça perfis psicológicos baseado nas coisas que curtimos ou nas reações a um post.

Não é de hoje que usuários comuns e estudiosos afirmam que a empresa ultrapassa uma fronteira ao invadir a privacidade de seus usuários: segundo diversos relatos, o app do Facebook divulga anúncios de acordo com conversas que eles tiveram próximos ao telefone.

Os algoritmos da empresa seriam capazes de identificar palavras-chave ditas ao redor ao microfone de smartphones e direcionar propagandas baseadas nelas. São diversos relatos, o primeiro mais contundente dele foi feito pela estudiosa Kelli Burns, professora de comunicação de massa da Universidade do Sul da Flórida, que afirmou em maio de 2016 que a empresa faz exatamente isso.

Ela fez um experimento que envolveu dizer coisas específicas próximo ao telefone e depois encontrou anúncios relacionados em sua timeline. Na época, o Facebook afirmou que utilizava o microfone apenas para ajudar os usuários ou em recursos necessários, como gravação de vídeo.

O mais recente dos relatos, do último dia 26, reacendeu a questão e envolveu o podcast Reply All, que juntou uma série de relatos de ouvintes envolvendo exatamente isso: propagandas de coisas específicas que surgiram após conversas perto de um smartphone com app do Facebook.

O Reply All atenderá telefonemas hoje. Ligue-nos se você acredita que o Facebook usa seu microfone para espioná-lo por causa de anúncios.

O próprio tweet ganhou diversas respostas com histórias aparentemente consistentes.

Estava na casa de um amigo e alguém estava assistindo um documentário sobre o Pentatonix [grupo com vocal a capella dos EUA]. Nunca ouvi falar deles. Adivinha o que apareceu duas horas depois?

Estava falando com um amigo sobre como preciso de um suporte de telefone no meu banheiro porque nossa pia é pequena, e esse anúncio apareceu uma hora depois.

Um vídeo viral sobre o assunto foi feito por Neville Black, em julho do ano passado, que falou por uma hora sobre gatos e ração de gatos perto do telefone da esposa. Segundo o vídeo (abaixo), no dia seguinte o Facebook iniciou as propagandas sobre o assunto.

Após os novos rumores, a empresa foi a público mais uma vez para negar os boatos.

Rob Goldman, vice-presidente de anúncios da empresa, respondeu a questão no tweet acima:

Sou responsável pelos anúncios do Facebook. Nós não — e nunca — usamos microfones para anúncios. Apenas não é verdade.

A questão principal é que é relativamente fácil criar um app que faça exatamente isso. O mais complicado pode ser o software de reconhecimento de voz, mas implementar a função é até fácil para quem entende do assunto. Em março de 2016, a BBC perguntou ao especialista em segurança Ken Munro, da Pen Test Partners, se era possível fazer algo do gênero.

Ele não apenas afirmou que sim, como demonstrou ser bem simples. Em poucos dias ele conseguiu fazer um app que fazia isso no Android: escuta as conversas, identifica palavras-chave, manda resultados para o servidor e devolve anúncios baseados nelas. Segundo ele, grande parte do trabalho de fazer isso vem da própria codificação do Android, que possui funcionalidades semelhantes.

Pode ser tudo fruto da cabeça dos usuários

Mas isso não quer dizer que o Facebook esteja espionando com sua massa de dois bilhões de usuários. A empresa nega veementemente qualquer possibilidade de invadir a privacidade das pessoas com funções que elas não permitam expressamente e especialistas afirmam que a própria cognição humana pode explicar a situação, chamado Fenômeno Baader-Meinhof, também chamado de ilusão de frequência.

É mais ou menos o que acontece quando uma mulher fica grávida e passa a enxergar diversas grávidas ao seu redor. As grávidas estavam lá, com a mesma frequência de sempre, mas mudou a forma como a pessoa percebe o mundo.

Em outras palavras, os anúncios talvez estiveram sempre por lá, mas as pessoas passaram a perceber um tipo específico de anúncio após conversarem sobre ele. Outra possível evidência é que nenhum especialista em segurança ainda detectou esse tipo de atividade de forma mais técnica nos apps da empresa. Testes mais apurados e com alguma precisão científica ajudariam também.

Já que a questão para em um impasse, você pode simplesmente desligar o acesso do Facebook ao seu microfone caso tenha um smartphone Android com a versão 6.0 para cima, ou um iOS.

O caminho é esse: Configurar > Aplicativos > Facebook > Permissões, é só desativar o acesso ao microfone lá. No iOS (9 para cima) é só os passos abaixo.

É só seguir esses passos!
É só seguir esses passos! Reprodução/How to iSolve

Ou não tenha app do Facebook no celular ou ainda não tenha conta no Facebook, porque se a empresa ainda não faz isso, num futuro bem próximo é bem provável que o fará, uma vez que precisará de cada vez mais dados para aumentar seus ganhos e a precisão de seus anúncios.

VEJA TAMBÉM: Conheça os planos de Mark Zuckerberg para dominar o mundo com o Facebook

 

0 comentários:

Enviar um comentário