Se você tem alguma rede social ou apenas acessou a internet nos últimos dias deve ter se deparado com algum amigo ou famoso publicando fotos com a aparência do sexo oposto usando o aplicativo FaceApp.
Apesar de divertida, o app chama atenção para a coleta e uso de dados dos usuários. Segundo especialistas, os termos de uso autorizariam acessar conteúdos sigilosos, como fotos, dados de navegação entre outras informações não especificadas.
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Para evitar que suas informações acabem em mãos indesejadas, Michelle Dennedy, fundadora da DrumWave e com passagem pela área de segurança de dados do governo dos Estados Unidos, recomenda que as pessoas tenham um rastro digital cada vez menor, em vez de fazê-lo crescer cada vez mais.
"Como um indivíduo, você deve tentar cortar a quantidade de dados que são disponibilizados. Os governos não devem gostar nada de me ouvir falar isso, porque as redes sociais são lugares incríveis para se descobrir o que, de fato, está acontecendo", conta Michelle.
Há um ano, o FaceApp também esteve em alta na internet quando lançou a função que permitia simular como o usuário ficaria quando ficasse velho. Na época, questões de privacidade do app foi questionada e até mesmo o Procon-SP multou o Google e a Apple em quase R$ 20 milhões por conta dos dowloads em suas lojas oficiais.
"A internet se beneficia, ainda, do efeito memória curta das pessoas em relação a este tipo de problemas", comenta Arthur Igreja, professor convidado da FGV e especialista em Tecnologia e Inovação. "Poucos usuários conseguem relacionar os nomes das desenvolvedoras com os apps usados e isso faz com que, muitas vezes, o aplicativo tenha apenas que trocar de nome ou ganhar uma nova roupagem para voltar a ativa, sem grandes problemas com o passado", completa.
O objetivo de muitas empresas é entender as preferências dos usuários e compará-las com outras bases de dados. A partir dessas informações, produtos e serviços compatíveis com o perfil de cada um passam a ser exibidos nas diversas plataformas da internet, como Facebook, Instagram e Google.
“Os dados contam literalmente e a história das nossas vidas, onde nós estivemos, o que comemos, o que compramos, como fomos ao trabalho", afirma Michele.
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Para Bruno Aracaty, executivo da DrumWave e especialista em dados, as pessoas vão dar maior atenção quando entenderem que os dados são uma propriedade delas.
"Muito se fala sobre o valor dos dados e que serão o próximo petróleo, mas, hoje, você não consegue medir ou transacionar em cima disso. Essas informações são suas e não são ao mesmo tempo", conta Bruno.
Segundo Bruno, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), prevista para entrar em vigor em 2021, irá "resguardar o direito das pessoas de dizerem sim ou não". Essa legislação irá determinar quais dados que podem ser coletados dos usuários e como podem ser usados e armazenados pelas empresas.
O R7 entrou em contato com o FaceApp para comentar a coleta de dados pelo aplicativo, mas não obteve resposta.
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