A Bolívia ganhou nesta segunda-feira (19) seu primeiro hospital digital, que é também o maior do país, com 42.500 metros quadrados: o centro privado "Martin Dockweiler", que conta com laboratórios modernos e recursos tecnológicos como realidade aumentada, inteligência de dados e telemedicina, o que ajudará a democratizar a saúde.
"Queremos que isso chegue a todos e que todos possam se beneficiar dos preços mais baixos possíveis, porque este hospital não foi construído para gerar lucro, mas para servir à população", ressaltou em entrevista à Agência Efe o fundador do hospital, Martin Dockweiler.
Nesse sentido, Dockweiler explicou que o hospital, localizado em Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais rica e populosa da Bolívia, prevê a realização de uma cirurgia gratuita por dia.
Além disso, o seguro de saúde oferecido pelo próprio hospital também estará disponível para todos, especialmente para os "mais carentes" que, assim, poderão receber cuidados de qualidade quando precisarem de atendimento médico.
"Trouxemos a tecnologia do primeiro mundo para o terceiro mundo, para um dos países com menos desenvolvimento em medicina, é um grande passo que a Bolívia está dando", acrescentou o fundador, que planeja, no futuro, construir um hospital semelhante em cada uma das nove regiões do país, para que todos tenham acesso a este tipo de atenção médica.
O hospital, inaugurado nesta segunda-feira, conta com um software moderno de uma empresa israelense que analisa imagens de raios X, ultrassom e ressonância, e as compara com milhões de outras para ajudar o médico a fazer um diagnóstico preciso, segundo Dockweiler.
O laboratório do centro médico pode processar até 250 testes por hora, os registros dos pacientes são digitais e também estarão disponíveis consultas à distância, através da internet.
Entre os objetivos do hospital "Martin Dockweiler" está, ainda, ajudar a trazer uma perspectiva inovadora aos cuidados em saúde através da educação, colaborando com a formação dos futuros médicos do país.
O hospital, que empregará cerca de 800 funcionários e gerará mil empregos indiretos, está ligado à Universidade de Aquino da Bolívia (Udabol), da qual Dockweiler também é proprietário.
Para ajudar no aprendizado dos alunos, foram instaladas câmeras de 360 graus nas salas de cirurgia para que os estudantes possam acompanhar as intervenções sem necessidade de estarem presentes.
O recurso da realidade aumentada também ajudará os estudantes em formação, assim como os médicos, a simularem cirurgias para identificar possíveis dificuldades e intercorrências que possam ocorrer na operação real, além de proporcionar uma maior precisão na hora do procedimento.
A contribuição para pesquisas na área da saúde é outro dos pilares fundamentais do hospital, motivo pelo qual o centro fechou acordos com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) para o intercâmbio de estudantes e profissionais a serem formados nestas tecnologias, explicou Dockweiler.
O hospital também fez parcerias com especialistas da Alemanha para colaborar com a formação de profissionais, projeto que já foi iniciado de forma virtual devido à pandemia de covid-19.
Médicos do país europeu também participaram da construção do hospital, oferecendo orientações em questões como biossegurança e instalação de salas de operações.
Além disso, também foi firmado um convênio com um instituto argentino para uma pesquisa conjunta sobre a utilização de um soro equino contra o novo coronavírus, uma técnica utilizada anteriormente no combate a outras doenças, segundo Dockweiler.
De acordo com o fundador do centro médico, também já foi oferecida uma formação em laparoscopias utilizando técnicas mais simples, além da realização de um estudo na área.
O laboratório do hospital começou a realizar exames, principalmente de diagnóstico do novo coronavírus, em setembro de 2020, para ajudar em um momento crítico para o sistema de saúde de Santa Cruz, sobrecarregado devido ao elevado número de casos de covid-19.
O hospital realiza estes testes gratuitamente para profissionais de saúde que estão na linha da frente do combate à pandemia.
O centro também dispõe de 16 ambulâncias e 10 ônibus, que serão usados como clínicas móveis e onde haverá médicos disponíveis 24 horas por dia para atender pacientes.
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