Uma nova espécie de roedor, quatro vezes maior que o comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico.
O animal, que chega a atingir quase meio metro de comprimento, vive entre as árvores e se alimenta de castanhas que abre com seus dentes.
As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrália, já têm outras oito espécies de ratazanas, mas essa é a primeira nova descoberta em 80 anos.
Da mesma família de ratos e camundongos (Muridae), a nova espécie, chamada Uromys vika, já fazia parte do folclore da ilha.
Escondidos nas árvores
A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é biologicamente isolada.
A maioria dos mamíferos que vivem lá não é encontrada em nenhum outro lugar do planeta.
"Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me contaram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam de vika, que vivia nas árvores", diz Tyrone Lavery, biólogo australiano que fez a descoberta.
Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisador associado da Universidade de Queensland, na Austrália, ele procurava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia conseguido encontrá-lo.
"Comecei a me questionar se era realmente uma espécie diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando os ratos normais de 'vika'", conta ele.
Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambiental viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros derrubada por lenhadores.
A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo para o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era um pesquisador associado.
"Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo de diferente", diz ele.
"Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Salomão, e olhando as características do crânio, consegui excluir boa parte das espécies imediatamente."
Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era uma nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika.
O rato recém-descoberto tem um longo e escamoso rabo, que os pesquisadores acreditam que o ajuda a se agarrar quando passa de uma árvore para outra.
Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as ilhas em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles evoluíram para ter dentes grandes e afiados que usam, de acordo com a população local, para mordiscar castanhas e coquinhos.
A espécie provavelmente será classificada de imediato como em perigo crítico de extinção devido à ameaça que sofrem da indústria madeireira. Cerca de 90% das árvores das ilhas já foram derrubadas.
"A região onde a espécie foi encontrada é um dos únicos lugares que ainda têm florestas", diz Lavery.
"É necessário documentar essa ratazana urgentemente e encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, na ilha de Vangunu, onde a espécie vive."
O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publicação científica Journal of Mammalogy.
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