Autoridades e cientistas chineses criticaram, nesta terça-feira (27), as alegações de um geneticista que disse ter criado os primeiros bebês editados geneticamente, e um hospital ligado à sua pesquisa sugeriu que a aprovação ética do trabalho foi forjada.
Mais de 100 cientistas disseram em carta aberta que o uso da tecnologia CRISPR-Cas9 para editar os genes de embriões humanos é arriscado, injustificado e fere a reputação e o desenvolvimento da comunidade biomédica chinesa.
Em vídeos publicados na internet, o cientista He Jiankui defendeu o que disse ter alcançado: a edição genética embrionária para ajudar a proteger gêmeas nascidas no início deste mês do vírus HIV, que causa a Aids.
"A caixa de Pandora foi aberta. Ainda podemos ter um vislumbre de esperança de fechá-la antes que seja tarde demais", disseram os cientistas na carta, que foi publicada no site de notícias chinês The Paper.
"A revisão ética biomédica para esta chamada pesquisa só existe no nome. Realizar experimentos direto em humanos só pode ser descrito como loucura", disseram os cerca de 120 cientistas na carta escrita em chinês.
Edição genética é 'muito perigosa', dizem críticos
Yang Zhengang, professor da Universidade Fudan, disse à Reuters que assinou a carta porque a edição genética é "muito perigosa".
A Sociedade de Genética da China e a Sociedade Chinesa para a Pesquisa com Células-Tronco disseram em um comunicado que He agiu como "indivíduo" e que seu trabalho representou "riscos de segurança tremendos para os alvos da pesquisa".
"Acreditamos que a pesquisa realizada por He vai fortemente contra tanto os regulamentos chineses quanto o consenso obtido pela comunidade científica internacional", disseram os dois grupos em comunicado publicado na internet.
A CRISPR-Cas9 é uma tecnologia que permite que cientistas copiem e colem partes do DNA, aumentando a esperança de desenvolvimento de curas genéticas para doenças --mas também causando preocupações em relação a segurança e ética.
He, que deve participar de uma cúpula sobre edição genética humana na Universidade de Hong Kong na quarta-feira, não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.
O Hospital Harmonicare de Shenzhen, que é listado em um registro chinês de testes clínicos como tendo fornecido aprovação ética para o experimento de He, negou ter participado de qualquer operação clínica ligada a "bebês editados geneticamente".
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