A Nasa, a agência espacial americana, conseguiu fazer pousar com sucesso nesta segunda-feira (26) um robô que investigará o interior de Marte em uma incursão inédita. Apesar do êxito, o desembarque da sonda InSight foi precedido por sete minutos dramáticos.
A confirmação do pouso veio pouco depois das 19h50 GMT (17h50 no horário de Brasília).
O projeto de incursão nas profundezas do "planeta vermelho" torna-o o único a ser examinado desta maneira.
O pouso, considerado arriscado, deixou a equipe da agência ansiosa ao longo dos sete minutos em que a máquina transmitia informações sobre sua descida. Mas, quando ficou evidente de que a InSight estava segura, o controle da missão da Nasa na Califórnia explodiu de alegria.
A sonda desembarcou em uma planície conhecida como Elysium Planitia, perto do equador marciano.
Engenheiros aguardam agora um relatório do estado do robô e as primeiras fotos capturadas por ele. Essas informações devem chegar à Terra nas próximas horas.
O que aconteceu no pouso?
Com o histórico de tentativas anteriores de pouso em Marte, a descida da InSight — a primeira tentativa desde 2012 — foi tensa.
A InSight adentrou a atmosfera de Marte mais rápido que uma bala de alta velocidade e usou uma combinação de escudo térmico, paraquedas e foguetes para fazer uma aterrisagem suave.
Agora, um ponto-chave para a sobrevivência da InSight nas condições severas da superfície de Marte são seus painéis solares.
O robô deve começar a gerar energia para operar seus sistemas e aquecer equipamentos em meio às temperaturas abaixo de zero que persistem no planeta.
Somente quando essas demandas imediatas forem solucionadas, a Nasa poderá começar a pensar sobre o aprofundamento da missão.
O que há de diferente nessa missão?
Esta será a primeira sonda a dedicar-se à compreensão sobre o interior de Marte.
Os cientistas querem saber como são as profundezas do planeta — do seu núcleo à crosta. A InSight tem três planos principais para atingir esse objetivo.
O primeiro envolve um pacote de sismógrafos franco-britânicos que buscarão ouvir "Marsquakes" (em tradução livre, uma analogia ao nome dos terremotos em inglês, "Earthquakes"; ou seja, indica tremores localizados em Marte). Essas vibrações revelarão onde estão as camadas rochosas e de que são feitas.
Em outra frente, uma "toupeira" alemã escavará até 5 metros no solo para medir a temperatura do planeta. Isso dará uma ideia do quanto Marte ainda é ativo.
E um terceiro experimento usará transmissões de rádio para determinar com muita precisão como o planeta está oscilando em seu eixo. A cientista adjunta do projeto, Suzanne Smrekar, usa uma analogia: "Se você pegar um ovo cru e um ovo cozido e girá-los, eles balançam diferentemente por causa da distribuição de líquido no interior. E hoje nós realmente não sabemos se o núcleo de Marte é líquido ou sólido, e quão grande é esse núcleo. A InSight nos dará essa informação."
Por que precisamos saber disso?
Os cientistas entendem muito bem como o interior da Terra está estruturado e têm alguns bons modelos para descrever o início dessa formação no nascimento do Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Investigações sobre Marte poderão dar aos pesquisadores uma perspectiva diferente sobre como o planeta rochoso pode ter se estruturado e evoluído ao longo do tempo.
"Os pequenos detalhes sobre como os planetas evoluem são o que pensamos fazer a diferença entre um lugar como a Terra, onde você pode sair de férias e se bronzear, e um lugar como Vênus, em que você será queimado em uma questão de segundos. Ou um lugar como Marte, em que você congelaria", explica o cientista-chefe da InSight, Bruce Banerdt.
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