O glitter está presente em quase todos os itens do carnaval, desde os adereços das fantasias até as maquiagens usadas por mulheres e homens durante os dias de festa. O brilho é barato e causa um efeito bonito, mas pode não ser a melhor opção para quem se preocupa com o meio ambiente.
"Os produtos que não são degradáveis são nocivos ao meio ambiente. O glitter tem na composição plástico e alumínio e leva muito tempo para se decompor na natureza, por isso é um contaminante", diz Rogério Machado, professor de química da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Retirado o produto durante o banho é a pior atitude do folião, segundo Rogério. "O brilho vai pelo ralo do banheiro até córregos e rios, onde pode ser engolido por peixes", explica.
O glitter é considerado um microplástico por ter apenas 5 milímetros de tamanho e, por isso, pode ser facilmente engolido por animais aquáticos, como peixes, ou filtrado por ostras e mexilhões.
"Quando o glitter é ingerido por um peixe, por exemplo, causa a sensação de estar alimentando. Porém, o plástico não é digerido e pode causar inanição que, além de prejudicar o crescimento e a reprodução, pode levar o animal à morte", diz Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP.
O professor da USP explica que, em tese, o glitter poderia retornar ao ser humano após consumir um peixe contaminado, mas que pesquisas recentes não encontraram evidencias de que o plástico estaria fazendo esse caminho na cadeia alimentar.
A justificativa é que as viceras do peixe são retiradas antes da carne ser usada na cozinha, mas, no caso de mexilhões e ostras, que são consumidos inteiros, pode existir o risco de conter também pedações de plástico.
"Os microplásticos não são bioacumuláveis, ou seja, são excretados depois de um tempo. O risco maior é que o microplastico tem afinidade com outros poluentes que são bioacomulativos e que também são ingeridos por animais", explica o professor da Universidade Mackenzie.
O plástico não é um vilão dependendo de como é utilizado por ser leve e resistente. O problema do glitter, segundo os especialistas, é o uso efêmero de um material que dura muito tempo na natureza.
Existem receitas na internet e novos produtos que buscam um carnaval com um impacto ambiental menor.
"O glitter biodegradável não é de metal é de mica, que um mineral que brilha quando exposto à luz. A cor vem de itens comestíveis, como o vermelho da beterraba", diz o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Algumas versões de brilhos ecológicos, usam como base uma gelatina chamada Agar produzida a partir de algas marinhas.
Nos dois casos, não há impacto para a vida aquática e não é considerado um contaminante.
Como descartar o glitter tradicional
Se o glitter usado durante os blocos for o comum de plástico, a única maneira de diminuir as consequências do uso é evitar que seja retirado durante o banho.
"O glitter não é lixo orgânico e nem reciclável. O ideal é retirar com um lenço umedecido e jogado no lixo para ser levado para um aterro. O principal é não tirar no banho.", diz o professor da USP.
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