09/09/2017

Aquecimento global deve causar ainda mais tempestades e furacões

A chegada do Irma devastou Cuba e Caribe
A chegada do Irma devastou Cuba e Caribe NASA/Reuters

Harvey, Irma, Jose e Katia. Não é uma lista de convidados para nenhuma festa, e sim os nomes dos últimos desastres naturais num surto recente. Harvey foi um dos piores furacões a acertar os Estados Unidos desde o furacão Wilma, em 2005. E de acordo com especialistas, isso só vai piorar.

O furacão Irma deverá ser o teste mais difícil para as usinas nucleares dos Estados Unidos desde que foram fortalecidas as defesas dos reatores contra desastres naturais, após o acidente nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, em 2011.

O Irma estava no caminho para atingir o sul da Flórida no início do domingo como uma tempestade de categoria 4 e ventos de até 233 quilômetros por hora. O Estado abriga quatro reatores nucleares na costa.

Aquecimento global

Richard Allan, Professor de Ciências Climáticas na Universidade de Reading, acredita que as mudanças no clima apenas intensificam os furacões e tempestades. "Furacões, ou ciclones tropicais, precisam de condições atmosféricas bem específicas para existirem", disse Allan. "O aquecimento sazonal desse ano, combinado com outros fatores já mencionados, criam condições ideais para a existência de ciclones tropicais no Atlântico."

"Enquanto o clima em si explica a formação e o rastro desses fenômenos, o aquecimento adicional causado pelas emissões do efeito estufa causadas por atividades humanas só piora as coisas. Energia adicional de águas mais mornas aumentam a intensidade dos ventos."

O furacão chegou em Miami com fortes chuvas
O furacão chegou em Miami com fortes chuvas R7

Já o Professor Myles Allen, que ensiona Ciência Geossistemática em Oxford, disse que isso é com quase toda certeza causado pelo aquecimento global.

"Em um artigo publicado na revista científica Climate Change, nós mostramos que 30% dos aumentos do nível do mar entre 1880 e 2010 podem ser atribuídos a vendas de produtos de apenas 90 corporações", disse ele. "Nós precisamos instigar um diálogo e considerar a atribuição de responsabilidade dessas empresas por esses atos, que afetam o clima mundial."

Kevin E. Trenberth, cientista sênior no Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Colorado, discutiu essa possível causa em um artigo publicado na Nature Climate Change em 2015, ao falar do furacão Sandy: "Embora apenas metade ou um terço dos fatores que causaram esse furacão (temperatura da superfície do mar) tenham sejam por causa de atividades humanas, é aparente que o surto de tempestades e estragos associados foram influenciados pelo aquecimento global."

Não é a primeira vez que cientistas observam um aumento nas atividades de tempestades como essas. Em 2013, um conselho da ONU relatou que houve um aumento na frequência e intensidade de ciclones tropicais no norte atlântico desde os anos 70.

 

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