As mulheres são cruéis com elas mesmas. Pesquisas feitas por gigantes de cosméticos já mostraram que apenas 2% delas, no mundo, aceitam o próprio corpo. Muita gente também associa o feminino com fragilidade, e desenvolve um preconceito por ser feminina.
Mas feminilidade não é sinônimo de fraqueza. Quem garante é Bruna Legnaioli, especialista em Inteligência Emocional, membro da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional e idealizadora do workshop Autoestima e Imagem — Desperte sua Diva Interior, cujo objetivo é exatamente ajudar mulheres a resgatar a força do feminino (a próxima turma será no dia 11 de novembro).
Em entrevista exclusiva para o R7, Bruna, que no workshop Divas trabalha com a consultora de imagem Camila Scaranari, explica de que forma as mulheres podem se reconectar com essa força feminina e dá até algumas dicas práticas para quem quiser despertar sua diva interior.
R7 — Quais as maiores dificuldades que as mulheres exibem com relação à própria imagem?
Bruna Legnaioli — Existem dois fatores que atrapalham muito a satisfação pessoal: a falta de autoconhecimento e a comparação. As mulheres não se aceitam e não se amam porque não se conhecem. Não sabem o que valorizam e desvalorizam o seu tipo de corpo e o seu estilo, não sabem quais são suas qualidades, suas limitações, como usar sua luz para fazer a diferença no mundo. E a falta de autoconhecimento gera uma grande falta de autoaceitação e autovalorização. Nós só podemos gostar de uma pessoa, se conhecemos e aceitamos essa pessoa da forma como ela é. Esse mesmo processo acontece com cada um: você só pode se amar, se conhecendo de verdade.
R7 — Qual o motivo de as mulheres estarem sempre insatisfeitas?
BL — Nos workshops para mulheres que realizamos, muitas mulheres precisam olhar no espelho para conseguir definir a cor dos seus olhos. Elas estão tão distantes de quem são! Como será possível amar algo que se quer conhecem? A maioria das mulheres sempre está insatisfeita com alguma coisa em relação a sua imagem. E isso acontece porque elas estão sempre em busca da perfeição. Desde crianças aprendemos que temos de ser cada vez melhores, que não podemos errar. Com isso, vivemos em busca dessa perfeição e da mudança, nos inferiorizamos e nos comparamos o tempo todo. E a comparação anula tudo aquilo que temos de melhor, de positivo, nos desconecta dos nossos dons e talentos natos.
R7 — De que forma elas podem realmente se sentir empoderadas?
BL — Se empoderar é despertar o seu poder pessoal, independentemente do desafio que esteja passando na vida. E, para isso, você precisa conhecer a sua força (se conhecer), compreender o seu propósito de vida (o que preciso aprender aqui) e abrir mão da vitimização (porque comigo?). As mulheres empoderadas sabem transformar as suas maiores dores nos seus maiores aprendizados.
Nesse processo, é importante parar de lutar contra os desafios que a vida traz e contra sua história de vida. Entrar em um movimento que chamo de concordância: “eu concordo, aceito e aprendo com o que quer que seja, porque não sou vítima”
R7 — Quais as principais dicas práticas para que as mulheres encarem sua beleza sem tantas críticas?
BL — Parar de se comparar. Cada pessoa é única, com o que tem de melhor e de pior. Toda vez que você se compara com alguém, você diz silenciosamente para você “eu não te amo, eu não te aceito”. E apesar de ser em silencio, essa voz reverbera dentro de você, criando um movimento de auto rejeição que faz com que você se sinta incapaz de ser feliz e amado.
1. Abrir mão do perfeccionismo: nos criticamos e nos condenamos o tempo todo, por pequenos erros que cometemos no dia a dia. Precisamos abrir mão da necessidade de sermos perfeitos e entender que errar é o que existe de mais humano na vida. Para isso, precisamos refletir sobre nossos erros sem alimentar a culpa, definindo o que poderemos fazer de diferente na próxima vez que isso acontecer. Só o fato de pensarmos sobre isso já cria novas possibilidades de ser e agir, sem deixar que nossos erros abalem nossa autoestima.
2. Autorresponsabilidade: é importante ter consciência de que somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade e pelo nosso valor. Nos magoamos quando não somos reconhecidos por nosso chefe, mas nem nós nos reconhecemos por um bom trabalho. Gostaríamos de ser mais valorizados e compreendidos pelos nossos maridos ou filhos, mas dificilmente valorizamos o que fazemos e nos compreendemos. Esperamos por respeito, mas estamos o tempo todo passando por cima de nós mesmos. Comece a dar a si o que está buscando nos outros, e você nunca mais se sentirá vazia.
3. Cuidar das suas raízes: tenha uma relação positiva com seus pais e sua história de vida. Nossos pais são nossas primeiras fontes de amor e, se temos algum tipo de problema que nos impede de amar ou simplesmente aceitar a nossa história de vida, acabamos projetando esse sentimento de insatisfação nas nossas relações.
4. Desenvolver sua Inteligência Emocional: se não controlamos nossas emoções, elas acabam controlando, ou descontrolando, as nossas vidas. Ter consciência de como as emoções interagem na sua vida permite que você comece a agir, ao invés de reagir, ou seja, a escolher de forma consciente os seus comportamentos, sem se tornar refém de você mesmo.
R7 — Quais os principais conselhos que você dá para as mulheres despertarem sua diva interior?
BL — Uma verdadeira Diva ama ser mulher, ama outras mulheres, pois reconhecem seu papel. As mulheres associam o feminino com fragilidade. O primeiro ponto é compreender e resgatar a força do feminino. A energia feminina é vital, é quem garante a continuidade da humanidade, quem cuida, acolhe, e quem dá sustentação para a energia masculina. Quando lutamos ou anulamos essa força o mundo se torna muito duro, pesado, violentos. Nos desconectamos do ser e buscamos apenas o ter. E com isso adoecemos.
O autoconhecimento é o maior caminho para despertar a sua Diva, a sua melhor versão, aquela que se aceita completamente. Quando reconhecemos nossa verdadeira identidade, nos tornamos livres para ser quem somos. Despertamos a consciência de que carregamos muitas coisas positivas e negativas, e somos capazes de lidar com tudo isso, explorando aquilo que temos de melhor e aprendendo a lidar com nossas limitações. O autoconhecimento é a chave que abre todas as possibilidades.
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