Allison, Irene, Agnes, Sandy, Audrey, Katrina e, mais recentemente, Irma. Todos esses desastres naturais possuem uma coisa em comum (além do fato de terem destruído centenas ou milhares de vidas): nomes femininos. De acordo com uma pesquisa realizada em 2014 pelas universidades de Illinois e Arizona, tempestades com nomes de mulher são mais letais que suas versões masculinas porque não são levadas tão a sério.
Os institutos de meteorologia dão nomes às tempestades e outros desastres naturais porque acredita-se que isso conscientize melhor a população sobre os perigos que estão a vir. Derrick Ryall, do instituto meteorológico do Reino Unido, disse que essa convenção de batizar manifestações da ira da natureza funciona no mundo inteiro.
Mas essa prática acaba entrando na questão de estereótipos de gênero, com consequências possivelmente mortais. Pelo menos é o que diz o estudo.
"Nós demonstramos que um desastre natural pode, só por ser simbolicamente associado a um gênero devido ao seu nome, ser julgado como se fosse desse gênero", disseram os pesquisadores.
Machismo ou achismo?
"Análises de dados sobre as fatalidades nos EUA mostram que os furacões com nomes femininos são associados a taxas de mortalidade significantemente maiores. Uma explicação para isso foi testada em seis experimentos, que mostraram que as percepções do público de força e intensidade são mais presentes nos furacões com nomes masculinos."
Os nomes masculinos nem sempre foram comuns entre catástrofes naturais — hoje em dia, a Organização Meteorológica Mundial que define os nomes, aleatoriamente, com base em um banco de dados de nomes comuns, mas até 1979, a convenção era simplesmente chamar de mulher. Isso mudou depois da primeira Convenção Mundial de Clima.
O furacão Irma, de categoria 5, está fazendo um estrago no Caribe dias depois do furacão Harvey ter devastado a cidade de Houston, no Texas.
Mas nem todo mundo está convencido da validade desse estudo. Em entrevista ao Washington Post, Gina Eosco, da universidade de Cornell, disse que os fatores de evacuação são muito entrelaçados com outras variáveis, como a presença de crianças, animais de estimação, impressão de segurança da própria casa e algumas outras coisas.
"Nenhuma dessas variáveis foram consideradas dentro desse estudo", diz Eosco.
Pouco depois da publicação desse estudo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, alguns cientistas responderam. Além de meteorologistas, cientistas estatísticos questionaram a validade do estudo. Daniel Malter, professor em Harvard, disse que os resultados não eram robustos o bastante. Björn Christensen eSören Christensen, especialistas em estatística da Alemanha, disseram que a conclusão do estudo era baseada em uma apresentação parcial e estatísticas inválidas.
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