Subsídios que fomentam o uso de combustíveis fósseis estão ajudando a "destruir o mundo" e são uma maneira ruim de aplicar o dinheiro dos contribuintes, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta terça-feira (28).
O português Guterres disse em um encontro de políticos e empresários na Áustria que a poluição deveria ser taxada e que os subsídios para petróleo, gás e carvão deveriam acabar.
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"Muitas pessoas ainda pensam que dar subsídios a combustíveis fósseis é uma maneira de melhorar as condições de vida das pessoas", disse ele em uma conferência sobre a mudança climática em Viena.
"Não há nada mais errado do que isso. O que estamos fazendo é usar o dinheiro dos contribuintes — o que significa nosso dinheiro — para fortalecer furacões, para espalhar inundações, para derreter geleiras, para descolorir corais. Em uma palavra: para destruir o mundo".
Segundo a Agência Internacional de Energia, os subsídios globais para o consumo de combustíveis fósseis foram de mais de 300 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,2 trilhão) em 2017 — em 2016 haviam sido de 270 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão).
Guterres disse acreditar que os contribuintes prefeririam ver seu dinheiro lhes ser devolvido do que usado para arruinar o planeta.
Um relatório contundente produzido por centenas de cientistas neste mês alertou que até 1 milhão de espécies estão em risco de extinção devido à busca humana incansável por crescimento econômico.
O documento identificou a agricultura e a pesca industriais como grandes catalisadores da crise e disse que a mudança climática causada pela queima de combustíveis fósseis está exacerbando as perdas.
O chefe da ONU pediu nesta terça-feira "uma mudança rápida e profunda na maneira como fazemos negócio, como geramos energia, como construímos cidades e como alimentamos o mundo" para que o aquecimento global possa ser contido e as pessoas e o planeta sejam protegidos dos danos.
Mesmo se os governos cumprirem as metas que assumiram no Acordo de Paris de 2015 para combater a mudança climática, as temperaturas subirão mais de 3 graus Celsius em relação aos tempos pré-industriais, "o que significa uma situação catastrófica", disse Guterres.
O Acordo de Paris, ratificado por cerca de 185 países, estabelece uma meta para manter o aumento das temperaturas globais "bem abaixo" de 2ºC e lutar para mantê-lo em 1,5ºC para evitar os piores efeitos dos eventos climáticos extremos e da elevação dos mares.
Guterres convocou uma cúpula em Nova York em 23 de setembro para incitar governos, empresas e outros a aumentarem seus esforços de contenção da mudança climática.
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