Estudo recente sobre Júpiter, o maior planeta do sistema solar, se tornou um importante instrumento para a compreensão da atmosfera terrestre, conforme afirmou ao R7 o professor Yohai Kaspi, do Departamento de Ciências Geológicas e Planetárias do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel.
Kaspi é autor de um dos quatro estudos a respeito de dados obtidos pela nave Juno, lançada em 2011, que orbita em torno de Júpiter a cada 53 dias. Isso permite que pesquisadores observem o que se encontra abaixo da superfície do planeta.
"A comparação entre vários objetos de uma espécie contribui para a compreensão de como essa espécie opera. Da mesma forma, compreender as atmosferas de outros planetas contribui para a compreensão de como as atmosferas funcionam em geral."
Kaspi conta que Júpiter é basicamente uma esfera gigante de gás. E, surpreendentemente, foi constatado pela Juno um tipo inesperado, e mais intenso, de assimetria dos campos gravitacionais entre norte e sul.
Mesmo assim, Kaspi e equipe há anos - antes do lançamento da Juno - já sabiam algo do qual se certificaram agora: a atmosfera de Júpiter é muito maior do que a da Terra. Atmosfera é uma camada de gases que envolve o planeta.
O famosos anéis de Júpiter são cinturões de vento, que puderam anteriormente ser observados por sondas. Segundo o estudo, esse anéis se estendem a profundidades de até 3.000 km (de uma extremidade lateral à outra).
Os ventos são muito mais intensos do que um grande furacão na Terra, chegando a 600 km/h, com duração de anos. Kaspi diz que isso pode servir como parâmetro para temas relacionados à Terra. Um deles é a meteorologia.
"Especificamente, como a atmosfera de Júpiter é muito diferente da terrestre, mas governada pelos mesmos princípios físicos, compará-la com a atmosfera da Terra nos ensina sobre os processos físicos que governam a atmosfera da Terra."
O estudo chegou a algumas conclusões devido à movimentação dos ventos, que fluem em bandas, de oeste para leste ou vice-versa.
Isso é decisivo para a distribuição de massa do planeta. E tais tempestades de ar se expandem para o subsolo. Tal fenômeno pode ser constatado na medição feita pela Juno. Essa medição detectou os desequilíbrios gravitacionais (diferentes pontos onde a gravidade é maior ou menor).
O estudo, no entanto, ainda não está completo. Medições adicionais podem informar se existe um núcleo sólido em Júpiter, ou se o planeta é uma concentração apenas de gás.
A resposta, segundo Kaspi, pode ser determinante para se saber como foram formados o sistema solar e os planetas que o compõem, inclusive a Terra.
"Como Júpiter foi formado antes da Terra, compreendê-lo permite compreender melhor a formação da Terra e sua atmosfera."
* O jornalista viajou a Israel a convite do Ministério das Relações Exteriores israelense
0 comentários:
Enviar um comentário