Por: Bruna Romanini
Foto: Reprodução Instagram – Entenda os riscos de tomar cápsulas de placenta, como fez Mayra Cardi
Os médicos já alertaram para os riscos de se comer placenta ou tomar cápsulas de placenta, como fez Mayra Cardi
Na última quarta-feira (31/10), a coach Mayra Cardi surpreendeu diversos internautas ao revelar que está tomando cápsulas de sua placenta. Ela deu à luz sua filha Sophia há cerca de uma semana e optou por tomar as cápsulas.
A coach falou sobre sua decisão e os supostos benefícios de ingerir a placenta. “Falei para vocês da placenta e não expliquei o que era. Para minha surpresa a minha cesárea foi a mais humanizada que eu poderia ter. Eles entenderam que eu queria o parto humanizado e eles respeitaram até o último segundo. Primeiro que eles tentaram de tudo, foram até o meu limite de ter parto normal no hospital e só então fomos para a cesárea. Ela (médica) virou para mim e falou: ‘o que você quer que eu faça e o que você não quer?’. Eu falei, eu não quero que corte ela da placenta, quero que deixe lá o tempo que for necessário. E eles fizeram isso. Ela ficou na placenta até a hora que realmente precisava, a hora que deu. Eles deram a placenta para a gente guardar, a gente guardou. E para quem não sabe a placenta tem inúmeros nutrientes. Ali tem vários nutrientes que a grávida perde durante o parto que ela precisa repor. Inclusive tem várias comprovações teses cientificas que ela ajuda a prevenir a depressão pós-parto. Para mim é difícil comer a placenta, mas eu mandei fazer em cápsulas. Ajuda a produzir mais leite também, segundo essas pesquisas. Eu gostei e mal não vai fazer, se todos os animais comem é porque tem proveito”, afirmou Mayra.
Tomar cápsulas de placenta, como Mayra Cardi, apresenta riscosMayra Cardi acertou ao afirmar que é importante deixar o recém-nascido ligado ao cordão umbilical, e consequentemente a placenta pelo tempo que o pequeno precisar. Esta atitude realmente proporciona benefícios para os bebês, como menor risco de desenvolver anemia no futuro.
Porém, a coach ERROU ao afirmar que comer placenta possui benefícios cientificamente comprovados. De acordo com a revista científica American Journal of Obstetrics & Gynecology, uma das mais importantes do mundo na área da ginecologia e obstetrícia, não há comprovação científica de que comer placenta proporcione qualquer benefício para a mãe ou o bebê. “Nós descobrimos que não há evidência científica de qualquer benefício clínico em comer placenta entre os seres humanos e nenhum nutriente da placenta ou hormônios são retidos em quantidade suficiente após o encapsulamento da placenta ao ponto de poder potencialmente beneficiar as mães”, afirmou a revisão sobre o assunto publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology.
Além disso, tanto o American Journal of Obstetrics & Gynecology quanto o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) alertaram para os riscos que comer placenta pode causar para o bebê.
Ocorre que o CDC realizou em 2017 um alerta para os riscos de se comer placenta ou tomar cápsulas de placenta. Isto porque um recém-nascido contraiu infecção Perinatal pelo estreptococo do grupo B porque sua mãe estava tomando cápsulas de sua placenta, que estava infectada com a bactéria. Ao ser ingerida, a bactéria passou da placenta para o leite da mãe e então para o bebê.
Esta doença não causa grandes complicações nos adultos, mas é muito grave e pode ser fatal nos recém-nascidos. Além disso, a condição pode levar a danos cerebrais e paralisia cerebral e meningite bacteriana no bebê.
Após este caso, tanto o CDC quanto os médicos autores da revisão de estudos sobre ingerir placenta publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology NÃO orientam que as mulheres ingeriam suas placentas.
A ingestão de placenta em qualquer forma, vitamina, cápsula, entre outras, NÃO é orientada. “O Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que a ingestão de cápsulas de placenta deve ser evitada devido à erradicação inadequada de patógenos infecciosos durante o processo de encapsulação. Portanto, em resposta a uma mulher que manifesta interesse pela placentofagia (ato de comer placenta), os médicos devem informá-la sobre os riscos relatados e a ausência de benefícios clínicos associados à ingestão. Além disso, os médicos devem perguntar sobre uma história de ingestão de placenta em casos de infecções maternas ou neonatais no pós-parto, como por Streptococcus do grupo B. Em conclusão, médicos que oferecem a opção de comer placenta para as mulheres não estão agindo com responsabilidade. Além disso, como a placentofagia é potencialmente prejudicial e sem nenhum benefício documentado, os médicos devem desencorajar esta prática entre as mulheres”, concluiu a revisão de estudos publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology.
Saiba mais sobre os riscos de ingerir a placenta.
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