Os cientistas britânicos Robert Edwards e Patrick Steptoe (1913-1988) são conhecidos como os pais da fertilização in vitro, o procedimento que levou ao nascimento do primeiro bebê de proveta, em 1978.
Edwards foi premiado em 2010 com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, e Steptoe recebeu vários reconhecimentos por este trabalho.
Mas houve outra integrante essencial de sua equipe: Jean Purdy (1945-1985), uma enfermeira britânica e embriologista que também foi pioneira no tratamento de fertilidade.
A fertilização in vitro é um procedimento pelo qual a fecundação do óvulo pelo espermatozóide ocorre fora do corpo da mãe.
Em grande parte, o nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Brown, foi possível graças ao trabalho de Purdy, encarregada de transferir o embrião em um estado de blastômero (oito células) para o útero da mãe. Mas a contribuição de Purdy nunca foi devidamente reconhecida.
Edwards pediu que Purdy fosse incluída em homenagens
Cartas publicadas recentemente pela Universidade Cambridge, no Reino Unido, revelam que Edwards tentou em várias ocasiões que a contribuição da jovem pesquisadora se tornasse pública. Mas seus esforços nunca deram frutos.
Em uma das cartas, dirigida às autoridades municipais de saúde na cidade de Oldham, no noroeste da Inglaterra, que estavam prestes a inaugurar uma placa comemorativa no hospital onde Louise Brown nasceu, Edwards destacou que Purdy havia contribuído para o desenvolvimento da fertilização in vitro "assim como" ele e Steptoe.
Edwards queria que o nome de Purdy fosse incluído na placa ao lado dos dele e de Steptoe, e repetiu a tentativa em ocasiões semelhantes antes de homenagens em outros hospitais. Mas seus pedidos foram sempre negados.
Outras cartas mostram as diversas tentativas de Edwards de convencer o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido a apoiar pesquisas sobre fertilização in vitro.
Os documentos agora fazem parte de uma exposição aberta ao público no Churchill Archives Center, na Universidade Cambridge.
As contribuições de Jean Purdy
Purdy começou a trabalhar com Edwards em 1968, quando a enfermeira e pesquisadora tinha 23 anos. A jovem colaborou bastante com Edwards, e ambos viajaram juntos para a Califórnia, nos Estados Unidos, em 1969, para realizar pesquisas.
Ela participou ativamente dos testes do novo procedimento e foi cofundadora em 1980 da Bourn Hall, na Inglaterra, a primeira clínica de fertilização in vitro do mundo.
A jovem foi coautora de 26 artigos com Steptoe e Edwards e, durante sua carreira, mais de 30 crianças foram concebidas por fertilização in vitro. Estima-se que pelo menos 6 milhões de bebês já nasceram no mundo graças a essa técnica.
"O trabalho de Purdy como cientista passou praticamente despercebido em comparação com o reconhecimento a Edwards e Steptoe", disse uma porta-voz de Cambridge.
"As cartas que acabam de ser publicadas não são apenas valiosas para os historiadores da ciência, mas para estudiosos das implicações sociais da ciência."
Além do Prêmio Nobel, Edwards foi reconhecido em 2011 com honras concedidas pela rainha Elizabeth 2ª.
Purdy morreu de câncer em 1985, aos 39 anos.
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