Um pequeno computador rudimentar do tipo Raspberry Pi foi usado para roubar dados do Laboratório de Propulsão à Jato da Nasa, segundo revelou a própria agência espacial americana.
Um relatório de auditoria da Nasa revelou que o dispositivo foi usado para copiar cerca de 500 megabytes de dados (o mesmo que um filme em baixa qualidade ou um episódio de uma série de TV).
Segundo a Nasa, dois dos arquivos roubados diziam respeito à transferência de tecnologias militares e espaciais restritas.
O hacker usou o dispositivo para invadir a rede da Nasa e permaneceu sem ser detectado por cerca de dez meses.
'Rover' remoto
O hacker ganhou acesso à rede interna do laboratório usando o Raspberry Pi para sequestrar uma conta de usuário.
Apesar de o Raspberry ter sido conectado à rede por um funcionário, controles falhos do sistema de login impediram os administradores da Nasa de saber que o dispositivo estava conectado, segundo um relatório da agência espacial.
A supervisão do sistema deixou que dispositivos vulneráveis permanecessem na rede sem serem monitorados, permitindo que o hacker assumisse o controle desses dispositivos e os usasse para roubar os dados.
O Raspberry Pi é um computador do tamanho de um cartão de crédito e que pode ser adquirido por US$ 30 (cerca de R$ 115,00). É geralmente usado em projetos educacionais na área de informática. É também uma opção popular para pequenos projetos de computação, por ter tamanho reduzido e ser fácil de usar.
Depois de conseguir acesso, o hacker passou a navegar pela rede interna, explorando vulnerabilidades dos controles de segurança internos que deveriam ter impossibilitado a transição entre os sistemas de diferentes departamentos.
O hacker não foi identificado e nem capturado até o momento.
Revisão da segurança
Os dados roubados vieram de 23 arquivos, mas a Nasa deu poucos detalhes sobre o tipo de informação que foi extraviada.
O processo de auditoria revelou vários outros dispositivos na rede JPL que os administradores do sistema não conheciam. Nenhum desses outros dispositivos foi considerado malicioso.
"É extremamente difícil para organizações grandes e complexas, como a Nasa, manterem um monitoramento perfeito de todos os seus dispositivos", disse Nik Whitfield, chefe da empresa de segurança Panaseer.
"Normalmente, isso ocorre porque eles dependem de processos manuais e seres humanos para inventariar continuamente todos os dispositivos conectados à rede e as vulnerabilidades específicas que eles sofrem."
Depois que a Nasa tomou conhecimento da violação, algumas partes da agência, incluindo o Centro Espacial Johnson, pararam de usar um gateway central que dava aos funcionários e prestadores de serviços acesso a outros laboratórios e locais.
Isso foi feito porque se temia que o invasor pudesse obter acesso aos sistemas de voo que controlam as espaçonaves ativas atualmente.
O relatório de auditoria recomendou que a Nasa melhorasse seu trabalho de monitoramento de rede e reforçasse suas políticas contra ataques de hackers.
Com sede na Califórnia, o Laboratório de Propulsão a Jato é a principal instalação da Nasa para a construção e operação de espaçonaves robóticas da agência, incluindo seus rovers planetários.
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