Por Marcio Bueno
Para que serve um futurista?
Eu sempre fui muito crítico com os futuristas, e tinha três pontos que me incomodavam muito:
Um futurista não tem o menor compromisso com a informação que dá.
1-Eles dizem o que vai acontecer em 2050, mas e se não acontecer?
Ninguém vai ligar para o futurista e dizer: “Há 30 anos você me disse…”
2-Imaginando que eles acertem, o que é pouco provável, eles não nos dizem o mais importante. Como chegar até o cenário que eles vislumbram. Como levar a sua empresa até lá? Nenhum futurista, ao menos os poucos que eu conheço, diz isso porque eles não sabem.
3-Em muitos casos, na grande maioria, as projeções ou previsões dos futuristas, principalmente as mais catastróficas não ajudam a humanidade.
Após uma palestra que eu dei no #inovabra, eu cheguei a receber um toque de atenção da @Neivia Justa, que elegantemente me disse que o meu conteúdo era bom o suficiente para crescer, que eu não precisava gerar polêmica ou falar mal dos futuristas.
Embora eu não falasse isso com o intuito de causar polêmica e ganhar notoriedade, eu realmente pensava assim. Porém, aquilo me fez refletir e decidi não falar mais sobre futuristas até conversar com alguns e entender melhor sua função.
Eu ainda não tive tempo de procurar alguns futuristas para entender melhor sua função. Mas esta semana eu li uma entrevista e um post que fizeram vir à tona a minha descrença pelos futuristas e escrever este artigo.
O primeiro foi um post da @Rosa Alegria, futurista respeitada que dizia que o COVID19 havia sido previsto em 2008 no relatório Global Trends 2025 non NIC – National Intelligence Council.
Isso reacendeu a dúvida que sempre tive:
Se já havia sido previsto, porque não evitamos a pandemia?
Dizer aos familiares dos mortos pelo vírus que alguém previu isso em 2008 não vai trazer seus seres queridos de volta, só aumentará a revolta e frustração.
Depois eu li a entrevista da @Amy Webb, a futurologista, fundadora do Future Trends Institute, onde ela diz:
“Sabe, não tem como prever o futuro. Podemos reduzir a incerteza, mas há demasiadas variáveis desconhecidas. Neste momento, pensar como um futurologista é incrivelmente importante”
Esta frase me pareceu sensata e me fez pensar, talvez, a culpa não seja dos futuristas, e sim de todos nós que não os ouvimos, acreditamos e tomamos as medidas.
Mas qual a porcentagem das previsões se concretiza?
Quais devemos atender e tomar medidas e quais não?
É impossível saber.
Então decidi pedir ajuda à @Rosa Alegria, que me ajudasse a responder a minha pergunta do início.
Para que serve um futurista?
Cheguei a pedi-la que escrevesse parte do artigo dando sua visão, mas havia pouco tempo e a agenda não permitiu.
Mas mesmo com minhas palavras ácidas e minha visão parcial, ela, com uma elegância digna de pessoas com grande inteligência, conhecimento e sabedoria, respondeu meu pedido com dois artigos esclarecedores sobre futurismo, que faço questão de deixar o link ao final deste que agora escrevo.
Talvez tenha reconhecido em minha descrença, que não havia agressividade gratuita e muito menos maldade, simplesmente ignorância.
Contudo, duas frases me despertaram o interesse em entender melhor o futurismo.
A primeira de seu orientador de mestrado, Peter Bishop:
“Futuristas não fazem previsões.”
E a segunda, para arrematar foi:
“O futuro não é Singularity, ele é plural”
Quem acompanha meus conteúdos sabe que tenho admiração pelo que faz a Singularity, porém, tenho muita resistência a aceitar tudo o que vem de sua sede como verdade absoluta.
Lendo os dois artigos me surpreendi, vendo que o Modelo de Análise de Impacto da Tecnologia, ferramenta que faz parte da metodologia da Tecno-Humanização, não deixa de ser uma ferramenta de futurismo.
Porque identifica cenários futuros, que podem ou não acontecer, podem ou não serem explorados, enfim, é um exercício de identificar possíveis caminhos que poderão ser traçados ou não. E a escolha, tomada de decisão, e ação, pode sim construir um futuro diferente em cada uma de suas possibilidades.
Portanto, se abre um novo mundo pra mim, a vertente de que os futuristas, sérios e competentes, podem nutrir minhas decisões com diferentes alternativas.
Um futurista é um profissional que, pode nos oferecer diferentes cenários, aplicando metodologia, baseado em dados, pensamentos sistêmicos, mudanças sociais, estatística, geopolítica, etc.
Obviamente, de maneira muito incipiente e com a humildade de um aprendiz recém iniciado, me atrevo, por primeira vez, a responder a minha pergunta inicial:
Para que serve um futurista?
Para nos trazer cenários, que não são o futuro, e sim uma possível antecipação do que podem vir a sê-lo. Porém cabe a nós, a cada um de nós, não esperar que ele se concretize, e sim construí-lo.
Obrigado @Neivia Justa pela chamada de atenção e obrigado @Rosa Alegria pelo despertar.
Artigos de Rosa Alegria:
https://dcomercio.com.br/categoria/opiniao/futurista-ou-futurologa
https://envolverde.cartacapital.com.br/o-futuro-nao-e-singularity-e-plural/
Marcio Bueno assina a coluna “Tecno-Humanização”, no Inova360, parceiro do portal R7. É Tecno-Humanista, fundador da BE&SK (www.bensk.net) e criador do conceito de Tecno-Humanização.
linkedin.com/in/marcio-luiz-bueno-de-melo-∴-94a7066
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