Cientista. Engenheiro. Astronauta. Estas são as carreiras mais frequentemente associadas à exploração espacial. Mas há outra atividade muito mais antiga que a história do homem no espaço e igualmente vital para seu sucesso: a costura.
Quando Jeanne Wilson tinha sete anos, sua mãe a ensinou a costurar. Aos nove, Wilson já estava fazendo modelos e fabricando roupas de bonecas. Dez anos depois, em 1969, ela era uma das várias costureiras da equipe na empresa ILC Dover, responsável pelos trajes espaciais usados por Neil Armstrong e Buzz Aldrin na missão Apollo 11 para a Lua.
"Minha irmã trabalhava em uma empresa chamada Playtex, que na época estava associada à ILC Dover", lembra Wilson sobre seu início. "Ela fazia sutiãs e cintos."
Os materiais firmes, leves e flexíveis usados nas roupas íntimas femininas também eram desejáveis para trajes espaciais. A irmã de Wilson contou a ela sobre uma oportunidade de trabalhar com isso.
"Eu tinha acabado de completar 19 anos, então era muito jovem. Mas estava tão animada!"
Wilson deixou um emprego em que costurava malas.
"Era um trabalho de produção, então o ritmo era acelerado", conta. "Nos trajes espaciais da Apollo, tudo era muito lento. Todo passo tinha que ser inspecionado, verificado, devido à importância do que estávamos fazendo."
O treinamento incluía aprender a ler desenhos técnicos, trabalhar com engenheiros e costurar com precisão, usando linhas recém-projetadas e várias camadas delicadas de tecidos finos.
"Mesmo que tivesse 21 camadas, a espessura era tão fina", diz Wilson. "E você podia pensar que o tecido não custava tanto — talvez cinco ou seis dólares por metro—, mas não: era quase US$ 3.000. Ficava literalmente trancado no cofre."
Os trajes finalizados eram levados para um hospital local em Dover, no Estado de Delaware.
"Tinham que fazer dois raios-X", lembra, "para garantir que não houvesse alfinetes ou qualquer outra coisa do tipo nos trajes. Havia noites em que íamos para casa e nos preocupávamos pensando: 'Meu Deus, será que deixei algum?'. Às vezes, a gente perdia um pouco de sono à noite. Às vezes, até desmoronava e chorava."
Wilson costurava as seções do tronco, braços e pernas, bem como as identificações dos nomes dos astronautas. Outras costureiras — e eram todas mulheres — tinham como especialidade botas ou, como Joanne Thompson, os muitos pares de luvas necessários para o treinamento e os pousos na Lua.
Os astronautas iam a Delaware para experimentar estes itens, frequentemente dando autógrafos para as costureiras e elogiando seu trabalho.
"Cada astronauta teve seus próprios moldes feitos a partir de suas mãos", conta Thompson.
Ela, como Wilson, também aprendeu a costurar quando criança. A funcionária deixou um emprego em uma fábrica de roupas para se juntar à ILC Dover e lá permaneceu por 38 anos. Agora, aos 82, a costureira se lembra dos testes rotineiros necessários para garantir que o traje resistisse às adversidades do espaço.
"Tínhamos que fazer diferentes tipos de amostras, que eram enviadas para testes em laboratório — e por vezes testadas até rasgarem", diz Thompson. "Costumávamos produzi-las o dia todo e sabíamos que elas seriam destruídas. Mas também sabíamos que a vida de um homem dependia disso, então seguíamos assim."
Em 1973, apenas um ano depois do fim das missões da Apollo, as habilidades de uma costureira ajudaram a salvar a primeira estação espacial americana, a Skylab.
Logo após o seu lançamento, um escudo térmico micrometeoroide inesperadamente se deslocou. Assim, a tripulação não pôde embarcar porque as temperaturas lá dentro eram perigosamente altas. Um escudo de reposição se tornou necessário o mais rápido possível, e Aylene Baker foi recrutada pela General Electric, contratada pela Nasa, para trabalhar nesta missão.
"Era um material de 22 por 24 pés", diz Herb Baker, filho de Aylene, que faleceu em 2004. "Eram camadas muito finas de alumínio além do Mylar, um nylon laminado com outra camada fina de nylon. Um lado (do material) era laranja brilhante, o outro prateado".
O escudo térmico de reposição funcionou. Há um registro do caso, uma foto em que Aylene aparece sentada diante de uma máquina de costura, cercada pelo material volumoso segurado com a ajuda de várias pessoas.
A proteção térmica com tecidos continuou com o projeto do ônibus espacial. Jean Wright foi uma das funcionárias que se juntou à United Space Alliance, contratada pela Nasa, para costurar cobertores térmicos nesta missão.
"Costurávamos muito mais do que as pessoas pensam, porque [para] todos os 2.200 cobertores, tínhamos que dar um nó na interseção onde as linhas se encontravam e virar o tecido para trás. E tudo era costurado à mão", diz Wright.
O ônibus espacial foi aposentado em 2011, e o traje espacial usado por Neil Armstrong está agora em um museu. Mas a ILC Dover continua a recrutar costureiras para fazer seus trajes (embora um homem tenha se juntado à equipe).
"A premissa básica de um traje espacial não mudou", diz o historiador da ILC Dover Bill Ayrey.
"Essencialmente, os mesmos trajes estão sendo usados, com algumas modificações, a bordo da Estação Espacial Internacional. Então, novamente, é algo essencial para a vida. Se um astronauta sai e faz uma caminhada espacial e seu traje espacial falha, sua vida está em nossas mãos. E os trajes devem suportar o rigor de seis, sete ou talvez até oito horas de caminhada no espaço."
A costura também continua prosperando em outras áreas da indústria espacial. A espaçonave BepiColombo, da Agência Espacial Europeia, está atualmente a caminho de Mercúrio e o bordado de Yvonne Mayer também está a bordo.
Mayer, especialista em produção na RUAG, empresa aeroespacial baseada na Áustria, iniciou sua carreira em uma escola de moda.
"Nunca me interessei muito pelas roupas", diz. "É mais interessante produzir algo mais técnico, então costuro o isolamento de naves espaciais."
O trabalho manual de Mayer ajuda a proteger os instrumentos da espaçonave de temperaturas de até 450 ºC.
"Usamos grandes máquinas de costura com braços longos e, se houver lugares que não conseguimos alcançar, costuramos à mão. Se o material for muito grosso, também temos que costurar à mão."
Finalmente, essas trabalhadoras estão recebendo o reconhecimento que merecem — são costureiras das estrelas.
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