O mundo terá quase 9,7 bilhões de pessoas em 2050, que chegarão a 11 bilhões em 2100, mas a população crescerá a um ritmo inferior do que o previsto há dois anos, anunciou nesta segunda-feira a ONU em seu relatório bienal sobre população, estudo que alerta sobre o envelhecimento na Europa e na América do Norte.
No documento atualizado, a organização aponta que, nos próximos 30 anos, dois bilhões de pessoas se somarão aos atuais 7,7 bilhões de habitantes do planeta.
No estudo anterior sobre o crescimento populacional, divulgado em 2017, a ONU havia adiantado que em 2050 quase 9,8 bilhões de pessoas povoariam a Terra, e que em 2100 seriam 11,2 bilhões.
O estudo, conhecido como "Perspectivas da População Mundial 2019: Aspectos Destacados", destaca o envelhecimento do planeta "devido ao aumento da expectativa de vida ao nascer e à queda dos níveis de fecundidade".
Este algoritmo faz com que "o número de países que passam por uma redução no tamanho de sua população esteja em crescimento". O relatório indica que 16% da população terá mais de 65 anos em 2050, frente aos 9% atuais. Por regiões, Europa e América do Norte estão muito acima dessa média, com 25% da população envelhecida até lá.
A ONU adverte que esta tendência (em 2050 haverá 426 milhões de idosos de 80 anos, frente aos 143 milhões atuais) está emparelhada com a queda da proporção da população em idade de trabalhar, o que "está exercendo pressão sobre os sistemas de seguridade social".
O relatório lembra que, desde 2010, "27 países ou regiões tiveram uma redução de 1% ou mais no tamanho de suas populações" devido aos baixos níveis de fecundidade, que passou de 3,2 nascimentos por mulher em 1990 para 2,5 em 2019. A previsão é que seja de 2,2 em 2050.
De acordo com a ONU, com a ausência de migrações será necessário um nível de 2,1 nascimentos por mulher para assegurar a substituição de geração.
O estudo aponta que entre 2019 e 2050 a população diminuirá 1% ou mais em 55 países, e que em 26 deles a redução será de pelo menos 10%.
O relatório também chama a atenção para o fenômeno das migrações e ressalta que estas "se transformaram em um componente importante da mudança populacional de alguns países" devido à demanda de trabalhadores migrantes, como em Bangladesh, Nepal e Filipinas, ou por violência, insegurança e guerras, como em Mianmar, Síria e Venezuela.
Em contrapartida, o relatório destaca que Bielurrússia, Estônia, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Rússia, Sérvia e Ucrânia experimentarão entre 2010 e 2020 "um fluxo líquido de migrantes, contribuindo para compensar as perdas de população causadas por um excesso de mortes sobre os nascimentos".
Mas, por enquanto, algumas populações diminuem e outras continuam crescendo. Tanto é que apenas nove países representarão mais da metade do crescimento até 2050, segundo a projeção do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, responsável pela elaboração do relatório.
Por ordem de crescimento, eses países são Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e Estados Unidos.
Com esses ritmos, a Índia superará a China como país mais populoso do mundo por volta de 2027, um pouco mais tarde do que o calculado há dois anos.
No "top 9" dos países que mais crescerão entrou o Egito, que se situa na oitava posição, e saiu Uganda. Os EUA passaram do sexto para o nono lugar. Nas posições de liderança, o Paquistão se tornou o terceiro com maior perspectiva de crescimento, atrás de Índia e Nigéria.
Por regiões, o estudo prevê que a população da África Subsaariana crescerá 99% e dobrará até 2050.
Europa e América do Norte continuarão sendo as regiões com menores crescimentos (2%), seguidas por Ásia Oriental e Sudeste Asiático (3%), América Latina e Caribe (18%), Ásia Central e Meridional (25%), Austrália e Nova Zelândia (28%), África Setentrional e Ásia Ocidental (46%) e Oceania (sem Austrália e Nova Zelândia - 56%).
"Muitas das populações de mais rápido crescimento estão nos países mais pobres, onde o crescimento da população apresenta desafios adicionais no esforço para erradicar a pobreza, conseguir mais igualdade, combater a fome e a desnutrição e fortalecer a cobertura e a qualidade dos sistemas de saúde e educação para não deixar ninguém para trás", afirmou o secretário-geral adjunto para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Liu Zhenmin.
Segundo o estudo, nos países mais pobres as pessoas vivem 7,4 anos a menos que a média mundial, que passou de 64,2 anos em 1990 para 72,6 anos em 2019, e que deve chegar a 77,1 anos em 2050.
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