A raiz crescendo, os brancos gritando e o desejo de tingir ou retocar os fios fica incontrolável. Sem a ajuda de profissionais, já que os salões estão fechados, é importante saber quais cuidados tomar com os procedimentos.
"O processo de descoloração e de coloração com amônia danificam a proteína capilar e podem deixar o couro cabeludo mais sensível. O descolorante quando aplicado de maneira errada pode gerar sérios danos aos fios”, explica Kédima Nassif, dermatologista e tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
A médica alerta que o cabelo perde proteínas, lipídeos e pode haver uma perda expressiva de massa capilar, uma vez que o pigmento está impregnado na proteína do fio e o processo de retirada é agressivo, ocorrendo quebra das pontes de enxofre e da proteína desse fio, causando um dano importante. "Além disso, esse tipo de produto causa um estresse oxidativo e inflamação no couro cabeludo e, com o uso constante, ocorre a diminuição da força do fio, prejudicando o bulbo capilar”, alerta.
Para minimizar esse impacto negativo, o ideal é que o cabelo passe por uma preparação antes da descoloração ou tintura. “Neste caso, é importante uma proteção antioxidante e também proteger a massa proteica e restabelecer a função de barreira do fio. Os óleos vegetais com alto poder de penetração na fibra são fundamentais nesse processo, pois melhoram a hidratação dos fios danificados e ressecados”, explica a dermatologista.
O procedimento de descoloração, que tem água oxigenada, amônia e pó descolorante como principais elementos, é fácil de ser encontrado e pode ser feito por qualquer pessoa, em casa, mas exige cuidado.
“A água oxigenada, em contato com as fibras capilares, realiza um processo chamado oxidação. Ela abre as cutículas do fio de cabelo, penetra chegando até a camada do pigmento, interage com ele e o oxida. O pigmento é responsável por deixar o cabelo escuro e, quando fica oxidado, o cabelo fica claro”, diz a médica. Para evitar problemas, o ideal é usar luvar e seguir todas as recomendações do rótulo.
Com relação à tintura, a primeira dica é fazer o teste de sensibilidade, aplicando uma pequena quantidade na parte interna do antebraço e aguardar 48 horas. “Se você não tiver irritação ou coceira, o produto está apto para o uso”, diz a tricologista. Outra dica importante é verificar a quantidade de produto para saber se com uma caixa da coloração você conseguirá pintar o cabelo todo.
“Principalmente para quem não tem prática, o ideal é ler o rótulo e ver como deve ser feita a preparação da tintura. No caso de tonalizantes, a fixação da cor se dá melhor em cabelo limpo; com relação às tinturas, ficar pelo menos 24 horas sem lavar o cabelo faz com que a oleosidade natural do cabelo proteja mais o couro cabeludo”, diz a médica. Mas atenção ao tempo de ação do produto: ficar com a tintura por mais tempo vai irritar mais o couro cabeludo e danificar os fios, ao mesmo tempo em que enxaguar antes da hora pode fazer com que não se alcance o tom desejado.
Depois de pintado, o cabelo já sofreu um dano e é hora de tratá-lo da melhor forma para evitar o corte químico dos fios – quando a única solução é a tesoura. É importante lavar o cabelo com xampus suaves e melhorar a hidratação interna através de ativos orais como biotina e silício, além de abusar, por via tópica, da umectação, nutrição e reconstrução capilares.
A máscara ideal para causar um efeito nutritivo aos cabelos pode conter na composição produtos derivados de vegetais (Manteiga de Karité, Manteiga de Cacau, Manteiga de Oliva, Óleo de Algodão, Óleo de jojoba), com ativos que repõem os nutrientes necessários para manter os cabelos nutridos e bonitos após esse processo químico.
De acordo com a médica, uma opção menos agressiva é o uso de tonalizantes, que não contém amônia ou oxidantes na fórmula. “Eles podem corrigir o desbotamento da cor, com menor agressividade, podendo ser uma opção enquanto estamos no isolamento social”, afirma.
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