Por Fernando Onosaki
Muitos líderes já caracterizaram a pandemia como uma guerra, e historicamente períodos de guerras são férteis para inovação.
Existe uma extensa lista de novas tecnologias desenvolvidas, aprimoradas ou aplicadas durante as guerras, como exemplo temos: o zíper, helicópteros, a penicilina, radar, cabines pressurizadas, óleos e borrachas sintéticas, drones não tripulados etc.
O chocolate ao leite que consumimos hoje, sofreu grandes desenvolvimentos durante a Segunda Guerra mundial, quando o exército Americano solicitou a Hershey Company que desenvolvesse barras de rações de emergência para os soldados que atendessem a quatro requisitos:
– Ser leve, pesar até 10 gramas,
– Ter alto valor energético
– Suportar altas temperaturas
– Não ser muito saboroso, para que os soldados não o comessem em situações não emergenciais
Assim foi criada a barra Ration D, estima-se que entre 1940 e 1945, 3 bilhões dessas barras foram consumidas pelo exército americano. Com inovações desde embalagens e ingredientes até formulações e estabilizantes. Mais importante ainda, gerou uma base de conhecimento que foi aplicado para a construção de um portfólio de produtos, não só nas novas versões das rações militares, como no chocolate que consumimos atualmente.
E com o coronavírus não será diferente e muitas inovações acontecerão por cinco principais razões:
1 – Propósito: Existe um propósito claro e bem definido: “Salvar Vidas” que gera um comprometimento para a ação, o que muitas vezes não acontece em iniciativas de inovação nas corporações.
2 – Tripla Hélice de Inovação: Colaboração entre Governo, Academia e Empresas engajados e alinhados para solucionar um objetivo claro comum, “Vencer o Coronavírus”, com múltiplas iniciativas: construção de hospitais de campanha, produção de álcool em gel, na fabricação e reparo de respiradores, arrecadações e doações, desenvolvimento de EPIs, testes de novos medicamentos e vacinas, políticas socio-econômicas para populações vulneráveis.
3 – Urgência: O tempo para encontrar soluções é crítico pois “Pessoas estão sendo contaminadas e morrendo”. Isso acelera a transformação de ideias em soluções. Um exemplo foi a aceleração na aprovação da regulamentação da Telemedicina no país.
4 – Ineditismo: Temos uma situação “Sem precedentes” é assim que a mídia mundial classifica essa crise. Isso permite que se tente e experimente novas soluções e produtos. O status quo sendo questionado, provocando a revisão de regulamentações, regras e protocolos acelerando o processo de inovação e solução do problema. Desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas, e novas aplicações para medicamentos existentes.
5 – Permissão: O ímpeto, somado aos quatro pontos anteriores, gera a priorização e permissão necessária para tentar e arriscar na busca de novas soluções, pois o mundo clama por soluções.
Seguindo a lógica do ditado popular “vale tudo no amor e na guerra”, o que vemos em situações como essas é que o risco de tentar e o medo do fracasso desaparecem quando não se tem nada a perder.
E se existe um ponto positivo em toda essa crise é que, uma vez superada, ela deixará lições e reflexões para uma melhor gestão da inovação no futuro.
Uma dessas reflexões é como as empresas vão lidar com a inovação de agora em diante. Nesse sentido, gostaria de deixar algumas perguntas sobre como os líderes vem lidando com a inovação nas empresas:
– São claros os objetivos e propósitos a serem alcançados por meio da inovação?
– A empresa colabora através de parcerias estratégicas em um ecossistema de inovação?
– Trata a inovação como prioridade e com adequada alocação de recursos?
– Possui uma cultura que permita soluções que desafiem o status quo?
– Tem uma liderança que apoia a inovação e incentiva a experimentação por novas soluções?
Para colhermos resultados de forma sustentável com inovações é necessária uma correta Gestão da Inovação, de acordo com o Global Management Institute, com um alinhamento preciso entre a estratégia, as capacidades e a disciplina para a inovação.
O impacto da pandemia é um bom momento para refletirmos sobre o papel estratégico e crucial da inovação.
Fernando Onosaki escreve a coluna Inovação para o Crescimento no Inova360 e R7 também é comentarista sobre o tema no programa Inova360, na Record News. É engenheiro e líder na IXL Center.
fernando.onosaki@ixl-center.net
https://www.linkedin.com/in/fernandoonosaki/
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