Pesquisadores taiwaneses e australianos publicaram um estudo na última terça-feira (14) sobre a descoberta da primeira mutação significativa do novo coronavírus em uma amostra colhida na Índia no dia 27 de janeiro. Esse resultado pode indicar uma nova dificuldade no desenvolvimento de uma vacina para covid-19.
De acordo com pesquisas iniciais, o novo coronavírus tinha menos capacidade de mutação, se comparado a outros tipos de vírus, como o da SARS, mas esta descoberta demonstra que, ainda assim, o novo coronavírus é mutável, tornando ineficiente vacinas desenvolvidas para combater apenas o vírus original.
Leia também: Mais de 50% dos pacientes com covid-19 no Brasil já se curaram
Os pesquisadores apontaram que a mutação se mostrou menos capaz de se ligar ao receptor ACE2 nas células humanas, característica que dá ao vírus causador da Covid-19 mais aptidão a contaminar e se espalhar no corpo humano.
Esta descoberta, segundo os pesquisadores, pode soar o alarme para aqueles que trabalham no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19:
"Todos os esforços atuais podem se tornar inúteis em futuras pandemias, caso novas mutações sejam encontradas", disse um porta-voz em entrevista à Newsweek.
Também em entrevista à Newsweek, a professora de imunologia da Universidade de Sussex, na Inglaterra, Jenna Macciochi comentou que, apesar de demonstrar um aspecto importante da virologia, que deve ser monitorado durante a pandemia, o estudo não traz grandes novidades.
"Segundo o estudo, ela tem uma taxa de mutação bem baixa, particularmente na proteína spike, que é o alvo de diversas vacinas que estão em desenvolvimento", acrescentou a professora à publicação britânica. "Isso só reafirma que o alvo para as vacinas foi correto".
Macciochi explicou também à Newsweek que como o novo coronavírus tem se espalhado com relativa facilidade, existe menor pressão do processo de seleção natural para que mutações ocorram:
"Pequenas mutações são esperadas de qualquer vírus. A mutação que foi descoberta parece reduzir a ligação com o ACE2, o que significa menor virulência, que pode ser sinal de uma menor habilidade para infectar. Mas, como este é um relato isolado, isso não significa, necessariamente, que as tentativas de vacina são inúteis".
Outra descoberta da pesquisa é que as amostras coletadas no Brasil, na Austrália, na Coréia do Sul, na Itália e na Suécia se agruparam juntamente com duas amostras dos Estados Unidos, sem uma versão chinesa do vírus, sugerindo que os casos podem ter relação entre si.
Veja também: 5 boas notícias da ciência desde o início da pandemia de coronavírus — e que não têm a ver com a covid-19
As informação foram divulgada no site bioRxiv, o que significa que o material não passou pela criteriosa avaliação de outros cientistas, necessária para que estudos sejam divulgado em publicações científicas de renome. O objetivo de divulgar a pesquisa agora é propor mais rapidamente debates sobre um tópico, o que pode ajudar em um momento de pandemia, em que as informações mudam frequente e rapidamente.
Mansão luxuosa protegerá os moradores até do coronavírus
0 comentários:
Enviar um comentário